«Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer." Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada.»
José Saramago, Discursos de Estocolmo - 7 e 10 de Dezembro de 1998
Imagem: pesquisa do Google
10 comentários:
Hellooo...
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Olá Ana Paula
Essa linda frase da avó de Saramago também está no livro "Pequenas Memórias". Gostei tanto da frase, e o do modo como Saramago descreveu o contexto em que a avó a proferiu que também não pude deixar de armazenar esse pedacinho.
Tenho tanta pena que Saramago não escreva mais!
Beijinhos
Muito bonito o texto e que acaba por ser uma bela homenagem a um homem que desencadeou sentimentos extremos: ou se gosta ou se odeia!
Bem escolhido.
Sublime...
Bom domingo.
Ana com beijinhos
A Benjamina tem razão. O texto não é exactamente assim mas muito semelhante. É logo a seguir àquele em que fala do avô.
Olá, Ana Pula! Muito bem escolhido, principalmente quando afirmam que não ligava à terra natal e não só. Este país não gosta de pessoas seriamente polémicas. Tudo de bom.
Lindo este pensamento.Foi muito bom conhecer um pouquinho mais de Saramago.bjs, Eliete
significativo, também acredito que não teve medo.
Morrer é realmente uma pena...
Um texto muito belo.
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