sexta-feira, 30 de julho de 2010

Sem título


Às vezes, o que há para dizer, ainda que o momento seja transitório e efémero, é o quanto o mundo nos deslumbra, o tanto que nos fascina.





Fotos A.P.

domingo, 25 de julho de 2010

Coisas importantes

Gosto deste resultado algo híbrido: imagens de filmes antigos com música de Parov Stelar. Por outro lado, sempre acreditei nos benefícios de invocar o "espírito" Carmen Miranda, pelo menos cinco minutos por dia.
 Este é por conta dos cinco minutos deste domingo, mas dá para toda a semana...



Um bom domingo!


Com uma sugestão válida até Setembro -  Exposição Carmen Miranda


quinta-feira, 22 de julho de 2010

CoolJazzFest 2010


Ainda há tempo para estar presente no CoolJazzFest 2010.

O programa pode ser consultado  AQUI

 
Uma sugestão: 27 de Julho - Club des Belugas Orchestra

sábado, 17 de julho de 2010

Do Desassossego - III

«Devaneio entre Cascais e Lisboa. Fui pagar a Cascais uma contribuição do patrão Vasques, de uma casa que tem no Estoril.
Gozei antecipadamente o prazer de ir, uma hora para lá, uma hora para cá, vendo os aspectos sempre vários do grande rio e da sua foz atlântica. Na verdade, ao ir, perdi-me em meditações abstractas, vendo sem ver as paisagens aquáticas que me alegrava ir ver, e, ao voltar, perdi-me na fixação destas sensações. Não seria capaz de descrever o mais pequeno pormenor da viagem, o mais pequeno trecho de visível. Lucrei estas páginas, por olvido e contradição. Não sei se isso é melhor ou pior do que o contrário, que também não sei o que é.

O comboio abranda, é o Cais do Sodré. Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão.»

Fernando Pessoa/Bernardo Soares, Livro do Desassossego -Segundo (8-4-1931)



Imagem: foto de A.P.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Convidado ou visitante?

«(...) uma tolerância limitada é claramente preferível a uma intolerância absoluta. Mas a tolerância continua a ser uma hospitalidade sujeita a um exame rigoroso, sempre sob análise, parcimoniosa e protectora da sua própria soberania. No melhor dos casos, é aquilo a que chamaria uma hospitalidade condicional, (...). Mas a hospitalidade pura ou incondicional não consiste nesse convite ("Convido-o, recebo-o de bom grado em minha casa, desde que se adapte às leis e às normas do meu território, de acordo com a minha língua, tradição, memória, etc."). A hospitalidade pura e incondicional, a própria hospitalidade, abre-se ou está antecipadamente aberta a alguém que não é esperado nem convidado, a quem quer que chegue como visitante completamente estranho, como recém-chegado, não identificável e imprevisível, em resumo, completamente outro. Chamar-lhe-ia uma hospitalidade de visitação em vez de convite. A visita pode ser efectivamente mais perigosa, e não devemos ignorar esse facto, mas será que uma hospitalidade sem riscos, uma hospitalidade apoiada por certas garantias, uma hospitalidade protegida por um sistema imunitário contra aquele que é completamente outro, será a verdadeira hospitalidade? (...)

Wege VII, Anselm Kiefer  (1978)


Uma hospitalidade incondicional é, com certeza, praticamente impossível de viver; não se pode de qualquer maneira, e por definição, organizá-la. O que quer que aconteça, acontece, quem quer que venha, vem (ce qui arrive arrive), e isso, no final, é o único acontecimento digno desse nome. E reconheço que este conceito de hospitalidade pura não pode ter qualquer estatuto legal ou político. Nenhum Estado o pode inscrever nas suas leis. (...)

A hospitalidade incondicional é transcendente ao político, ao jurídico, talvez mesmo ao ético. Mas (...) não posso abrir a porta, não posso expor-me à chegada do outro e oferecer-lhe seja o que for sem tornar esta hospitalidade efectiva, sem, de alguma forma concreta, dar algo determinado. Esta determinação terá, portanto, de reinscrever o incondicional em certas condições. Caso contrário, não dá nada. O que se mantém incondicional ou absoluto (...) arrisca-se a não ser nada se as condições (...) não fizerem disso alguma coisa (...). As responsabilidades políticas, jurídicas e éticas têm lugar, se acontecerem, apenas nesta transacção - que é de cada vez única, como um acontecimento - entre estas duas hospitalidades, a incondicional e a condicional.»

Jacques Derrida in Giovanna Borradori, Filosofia em Tempo de Terror (Diálogos com Jürgen Habermas e Jacques Derrida)



domingo, 11 de julho de 2010

Diego Stocco

  Afinal, como é que ele faz exactamente isto?


Music from a Bonsai



Experibass




Mais sobre Diego Stocco  AQUI

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Poemas da minha vida

Um poema especial tem que constar. Dei com ele há uns anos atrás...e logo constituiu, para mim, uma referência:

Que o medo não te tolha a tua mão
Nenhuma ocasião vale o temor
Ergue a cabeça dignamente irmão
Falo-te em nome seja de quem for

No princípio de tudo o coração
como o fogo alastrava em redor
Uma nuvem qualquer toldou então
céus de canção promessa e amor

Mas tudo é apenas o que é
levanta-te do chão, põe-te de pé
lembro-te apenas o que te esqueceu

Não temas porque tudo recomeça
Nada se perde por mais que aconteça
Uma vez que já tudo se perdeu

Ruy Belo


[o sublinhado é meu]

domingo, 4 de julho de 2010

Metafísica virtual

«Não sei se deva falar-vos das primeiras meditações que aí fiz, porque são tão metafísicas e tão pouco comuns que não serão talvez do gosto de toda a gente. E, todavia, vejo-me de certo modo obrigado a delas falar, a fim de que se possa avaliar se os fundamentos que escolhi são bastante firmes. (...) considerando que todos os pensamentos que temos no estado de vigília nos podem também ocorrer quando dormimos, sem que, neste caso, algum seja verdadeiro, resolvi supor que todas as coisas que até então tinham entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras do que as ilusões dos meus sonhos. Mas, logo a seguir, notei que, enquanto assim queria pensar que tudo era falso, era de todo necessário que eu, que o pensava, fosse alguma coisa.»
R. Descartes, Discurso do Método (Quarta Parte)


Estou aqui e estou lá. Quando estou aqui, julgo que estou aqui, mas pode ser que esteja lá. Quando estou lá, julgo que estou lá, mas pode ser que esteja aqui. Ou estarei algures em transição, a meio caminho de aqui e de lá? Não sei se há um aqui e um lá, ou se existirá apenas um único lugar para estar, um aqui-lá (ou o seu inverso). Enfim, um lugar. Se não sei, é porque duvido. E se duvido, é porque não estou certa. Mas estou quase certa de que transporto daqui para lá (e do inverso também tenho quase a certeza). Ou será que não acontece nada disso. Será que, muito simplesmente, está tudo a circular no mesmo lugar? Que nome dar a esse lugar? Realidade? Verdade? Nesse caso, é tudo real,  e é tudo verdadeiro, este aqui e o que nele há, tal como aquele lá com tudo o que lá se encontra. Mas também pode ser tudo irreal, o lá, tal como o aqui. Como ter a certeza de que é real? Utilize-se o critério do corpo: é real o que afecta o meu corpo. Nesse caso, por ex., quando sinto sede, estar aqui é real. Mas estar lá também não pode deixar de o ser - acontece sentir exactamente o mesmo. (...)

[Não, isto não é nada de sério. É só um momento de dúvida não metódica. Ao contrário da de Descartes, o qual, de resto, obteve algumas certezas a partir do pensamento, separando-o do corpo (e depois, tentando ligar ambos). Até que ponto é isso possível? Separar? Unir? Acho que este lugar (este aqui) é um bom teste a tudo isso.]



Imagem: pesquisa do Google

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Que data?

"A memória tem o hábito (pelo menos, a minha memória) de organizar por categorias, e não por datas. É como se uma secretária imemorial tivesse arrancado os acontecimentos da sua sequência normal para, em seguida, arquivá-los debaixo de cabeçalhos tais como «Ramanujan», «A Guerra», «O Caso de Russell», de maneira que agora, para poder observar claramente a cronologia, primeiro tenho de desenterrar de cada ficheiro os pormenores pertinentes de um momento e, em seguida, colocá-los lado a lado dos detalhes de um outro momento, desenterrados de outro ficheiro."
David Leavitt, O Escriturário 1ndiano

Regresso ao futuro

Muitas vezes, diz-se: nunca regresses a um lugar onde já foste feliz. Mas como não procurar todos os lugares que nos parecem compatíveis com...