É verdade que por vezes penso na tranquilidade da vida fora do bulício (e das notícias) da cidade. Já me aconteceu admirar a vida de eremita. Quando ouço Arvo Pärt, por exemplo. Mas, ainda que possa parecer-me o verdadeiro significado de "umas férias", dificilmente seria capaz de me sujeitar a tal provação. Acho bastante desagradável o puro hedonismo como forma de vida: parece-me superficial. Do mesmo modo, fico muito aquém da verdadeira admiração do sacrifício pelo sacrifício. O isolamento (e tudo o que lhe está associado) exige motivos bem mais profundos.
Na realidade, sou muito citadina. E depois, o retiro para os confins do mundo colocar-me-ia um problema enorme: como poderia tomar um bom café?! Não daqueles de copo, beberagem, mas uma bica como deve ser? Não estou a ver uma Nespresso num retiro de fim do mundo. Não condiz nada. Um bom café faz parte do ruído, da pressa e da confusão. Num outro registo, faz parte do relax no estilo lounge.
Constata-se nestes pequenos detalhes o assimilar de uma efectiva segunda natureza.
Constata-se nestes pequenos detalhes o assimilar de uma efectiva segunda natureza.
14 comentários:
Uma natureza urbana,
nobre e emancipada.
Enquanto tal for... possível!
Porque, medito, como compreender
uma tal complexidade? Uma 'italiana',
numa esplanada, por exemplo, de Paris
num continente, euroasiático, inexistente
há 4 MM de anos, de um planeta, então,
simples bola de fogo, girando em torno
de uma estrela vulgar de 4,5 MM anos,
igual a biliões e biliões de outras
em tantas inumeráveis galáxias!
um bom café em silêncio
no ruído do silêncio
ui que bom que é...
que no silêncio ouço tanto
do ruído que me faço
que em silêncio me faço
uma pausa de algum espaço
Olá Ana Paula
Andei ausente, muito ausente mesmo, esgotada. E cá estou. Concordo com a Ana Paula, a cidade também é o meu lugar preferido, quando chego de férias penso sempre "esta é a minha casa". As ruas, as avenidas, as esplanadas, o cinema, fazem-me falta.
Penso que entrava em depressão se vivesse num lugar isolado.
Gostei de voltar a ver Paolo Conte.
Beijinho grande e bom fim de semana
Isabel
Também sou assim, não consigo imaginar o meu dia sem um bom café !!
beijinho
Eu também sou muito citadino.
Tenho de voltar para ouvir o Conte, porque agora estou com os meus acordes nocturnos :\
Ao ver a Hannah Arendt,
e, de novo, a petiz
mais abaixo,
reflecti, porque
me é associação recorrente,
que a pequena me lembra,
sempre tem lembrado,
- não sei porquê! -,
como deveria ser
a Sophia Loren
em criança!
Haverá alguma semelhança!?Intrigante...
:)
Q. Ana Paula:
Por motivos variados não tenho podido andar por aqui. Vou espreitando a correr! Fico contente com asvisitas e peço desculpa por não poder retribuir do mesmo modo. Qualquer dia entra tudo na "normalidade"
Um bom dia da Mãe.
bjs
:))
Pois... o café.
Também me custa passar sem o café, mas pior é só ter café de má qualidade.
bjs e bom dia da mãe
Permites-me discordar ?
"Em Roma, sê romano".
Quando puderes experimentar... verás que no fim do mundo existe uma alternativa para a nossa bica ( que adoro ). Poderá ser um chá esquisito, uma bebida com um nome impronunciável... mas que não destoará do silêncio do deserto, do abanar dos coqueiros ou, se for caso disso, do grasnar das gaivotas.
O silêncio do fim do mundo... ajuda a pôr as coisas em perspectiva.
( Isto sou eu a opinar, claro... )
Ana Paula gosto de um cafézinho tomado em goles bem curtinhos e um bom livro ou uma boa música ou uma boa companhia. A cidade me fascina mas tb me amedronta quando muito grande. Um beijo e um boa semana para você . Eliete
Depois de um Dia da Mãe muito bem passado, felizmente, agradeço a todos os comentários de partilha com estas minhas impressões quotidianas. Muito obrigada! :)
Na verdade, adoro a cidade e a sua vida, mas também é verdade que tenho momentos de grande cansaço. A cidade é uma grande correria. São muitas as vezes em que a ideia de uma paisagem bucólica, de um grande silêncio que permita realmente ouvir..., de um isolamento que permita colocar as ideias no lugar, ou, como diz Entremares (e muito bem!), um silêncio de fim de mundo para pôr as coisas em perspectiva... bom, tudo isso é um desejo, uma miragem, que muitas vezes me atrai. Algo que não me assusta, se souber que posso sempre espreitar a confusão :)
Entremares: claro que permito! De resto, é um discordar-concordar. E ainda que não fosse... :)
Mdsol, não te preocupes :) Entendo perfeitamente, também ando sempre em correrias... Claro, gosto sempre da tua presença, quando é possível.
vbm: agradeço as simpáticas palavras! De Itália, tenho alguns antepassados. Talvez seja por isso... :)
Beijinhos a todos!
Tarkovsky dispensa comentários. Também eu sou um urbano quwe não usufrui aquilo que a urbe pode proporcionar.Mas ando muito desiludido com a cidade Lisboa. Consome-se demais, mesmo ao nível da cultura. Há de tudo. E isso cansa, causa ansiedade. Uma vila ao pé da cidade seria o ideal? Ou uma vila que não fosse muito pacata e estivesse preservada, linda? O campo? Se calhar só em vivência muito animada e comunitária, não sei. Editei o Poema Colectivo e uma edição a seguir. Estou com uma gripe horrível. Vou ver se descanso. Continuação de boa semana. Um beijo na nuca, para não pegar.
Obrigada Contracena e Poemar-te, também pela partilha :))
Fátima: estava longe de ter a certeza de morares na linha do Estoril. Era só uma espécie de intuição :)) Que, afinal, bate certo!
Pois, a verdade é que também eu moro nessa esplêndida faixa de terra que existe paralela ao espaço onde o rio se mistura com o mar :)) Um dos melhores lugares do mundo para viver, apesar de já não ser o sossego que foi em tempos...
Beijinhos para os dois!
Não sei quanto tempo sobreviveria ao bulício da cidade... começo a perder o meu eixo no meio de tanto estímulo... e acabo a sentir-me vazia... gosto de poder estar isolada se disso vier a precisar... querer isolar-me e não poder é para mim mais aflitivo do que estar isolada e querer companhia...
Beijinhos!
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