Apetece-me recordar os argumentos típicos dos policiais, segundo os quais, há um crescente suspense na procura do criminoso, mas as pistas conduzem todas (ou quase todas) a um determinado suspeito. Entrando no universo destes enredos, rapidamente começamos a identificar neles a repetição da mesma fórmula, usada para construir a história. Faz parte dela, é sabido, desenvolver tudo... levando-nos a concluir que, afinal, o verdadeiro criminoso não era o primeiro suspeito, mas sim um outro (ou outra, claro) que até parecia super-inocente, mas que, mais tarde, pode até revelar-se um temível serial killer. Este é um enredo-padrão das histórias policiais - claro, pode florear-se, mais ou menos, com algumas variantes ficcionais ao nosso dispor. No caso de uma trama substancialmente mais complexa, trocam-se as voltas ao raciocínio, levando-nos a concluir que, afinal, o criminoso era realmente o suspeito que mais indícios apresentava para o ser, ou seja, aquele que realmente parecia sê-lo. Isto, depois de estarmos há já longo tempo convencidos da culpabilidade de um outro, no início altamente improvável. Mas, há outras variantes a estes enredos? Claro que sim. No entanto, se o argumento não estiver muito bem forjado, fica a sensação de ser demasiado rebuscado. Quer dizer: voltas e mais voltas, e que nos deixam desorientados entre artifícios completamente vazios. Conseguem-se, no entanto, peripécias bem arquitectadas, a conseguir surpreender pela positiva. Depois... há os casos geniais. A tudo isto deve acrescentar-se um importante ingrediente: os policiais andam sempre à volta do problema das provas e da sua autenticidade...
Ora, a questão é, e daí o vir aqui com tudo isto, frisar o quanto a realidade se assemelha à ficção, e também o inverso. O quanto, efectivamente, todas as nossas conjecturas se apoiam nesta ambiguidade entre o que parece ser e o que de facto é, entre o que é de facto e o que parece ser... Sem dúvida que este permanente caminhar em terreno pantanoso, imersos no universo das aparências, movendo-nos sobre as areias movediças das múltiplas e frequentemente equívocas representações sociais; sem dúvida, dizia, que esta espécie de limbo das muitas quase-certezas, misturadas com outras tantas quase-incógnitas, deve, deveria, creio eu, salvaguardar-nos sempre, ainda que num ínfimo recanto da nossa mente, a possibilidade do erro. E se isto não deve, nem pode, conduzir-nos à inacção, presos num mar de dúvidas, parece bastante provável que quando agimos o fazemos com base em factos, mas também, em larga medida, apoiando-nos em conjecturas. É por isso que todo o agir envolve riscos. Mais ou menos calculados, mas sempre riscos. No dia 5 de Junho, quem quiser, tem direito a arriscar mais uma vez. Sendo que já há pouco tempo para analisar factos e conjecturar possibilidades. Arriscar é mesmo assim: chegada a hora, impõe-se.
4 comentários:
Mas por favor universo faz com que arrisquem com alguma coerência. Eu sei que as possibilidades são quase nulas mas dá lá um jeitinho!
Pronto! aqui ficou a minha prece.
:)))) como te entendo, Há dias...!
Um abraço.
As previsões dizem
que vai chover granizo
no Verão
:))))
Mar Arável: ...e a tempestade até já começou, até já deu um ar da sua "graça" na primavera.
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