«(...) foi a "persianização" do Islão que salvou a herança dos grandes escritores clássicos. Após a pilhagem de Roma e da destruição da Biblioteca de Alexandria, a tradição do conhecimento clássico e dos trabalhos de Aristóteles, de Ptolomeu e de muitos outros, foram levados para o Ocidente, parcialmente preservados por monges que viviam em remotas comunidades celtas. No entanto, foi também acarinhada nas bibliotecas da Pérsia sassânida - até à chegada do Islão. Os invasores árabes viram estas bibliotecas como idólatras. (...) De uma só vez, todas as bibliotecas foram pilhadas e o seu precioso conteúdo queimado - todas as bibliotecas, isto é, excepto uma. Na longínqua região de Fars, em Jundi-Shapur, uma única biblioteca, por sinal bem recheada, sobreviveu à purga. Mais tarde, um califa de mente mais aberta ordenou que todos os livros de Jundi-Shapur fossem traduzidos para árabe e guardados em Bagdade para criar a base da famosa Bait al-Hikma, A Casa da Sabedoria. Foi a partir daí que os livros, a pouco e pouco, viajaram para ocidente e serviram para inspirar o Renascimento. Se não fosse a Biblioteca de Jundi-Shapur, pouco saberíamos sobre as grandes obras da antiguidade clássica - e o Renascimento não teria existido.»
in O Irão, John Farndon
5 comentários:
Aí estão duas boas perguntas! O que trará 2010 para o mundo, particularmente para o Irão?
E eu que não queria ser pessimista!...
Tens um Miminho no meu blog.
Abraço.
E são os pequenos/grandes gestos que fazem a diferença.
Ainda hoje vi imagens impressionantes de polícias em Teerão, cercados pelos manifestantes e implorando por misericórdia. Se continua assim, ou o regime cai ou haverá uma mortandade.
Na antiga Mesopotâmia guardou-se muito do conhecimento de que ainda hoje podemos usufruir.
Foi bom a Ana Paula trazer este assunto para a ordem do dia, porque as destruições que ocorreram naquela parte do mundo, ao nível desse património, como recentemente no Iraque, entre outros, também nos diz respeito devido a essa influência directa na Cultura Europeia.
Beijinho.
Agradeço a vossa atenção :)
De facto, a actual situação no Irão dá muito para pensar, e a vários níveis.
Por ex., eu tenho grande admiração pela antiga Pérsia, da qual o Irão é herdeiro. Há artistas e intelectuais iranianos brilhantes, não é só algo do passado, é também de hoje. Como preservar esta magnífica cultura, torná-la mais próxima, no actual contexto repressivo?
A liberdade é difícil, já o sabia. Há lugares onde ela parece ser ainda mais difícil. Ainda ontem ouvi esta afirmação num filme que revia: "A liberdade é difícil todos os dias". Se bem me lembro, passado no Vietname, realizado pelo Oliver Stone. Mas fiquei a pensar nessa frase. No "todos os dias". A liberdade nunca é algo adquirido, mas algo que se vai conquistando dia a dia. Não há descanso para a liberdade. Talvez seja por ela que estamos vivos...
Abraços!
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