Quando o acto de fazer um blog já é praticado há algum tempo, parece que acontece uma fase algo estranha mas fértil. Quer dizer, passa-se à fase do repensar do acto, na medida em que já foi ultrapassada a fase do entusiasmo e da novidade. Onde é que eu já vi isto antes?! É que, na verdade, é sempre assim com quase tudo na vida. Nada pode ser permanentemente novidade.
Ouvia eu, um dia destes na televisão, um jovem designar a sua geração por geração fast. Ou seja, do conceito de fast food, passou-se ao fast tudo. E acrescentou ainda: actualmente, todos os jovens vivem, com grande intensidade, o conceito de descartável.
Este jovem que deixou ficar no ar uma aura de frescura e de inteligência up to date, pareceu-me muito interessante. Em especial porque foi capaz de fazer uma crítica bastante lúcida do tempo em que vive, de si mesmo e da juventude actual. Mas também foi capaz de traçar um esboço nítido e claro do que é este nosso tempo tão tremendamente fast...! Gostei de o ouvir e foi reconfortante confirmar que a juventude sabe pensar e fazer pensar.
Mas tudo isto para dizer que é aqui mesmo que se vive de modo radical esse ser descartável. Fazer um blog é rápido, apagá-lo também. É coisa de segundos. Vá lá...minutos. Na pior das hipóteses. Mantê-lo é bem mais difícil e demorado. Descobrir o seu sentido... talvez uma busca que se prolongue por muito tempo...
E apeteceu-me dizer que continuo a empreender a minha. É por isso que o mantenho vivo. É por isso que continuo a sentir interesse em comunicar por este processo. Do eu... ao(s) outro(os), esta espécie de espelho torna-se essencial. Um espelho de múltiplos reflexos, entre os quais aqueles que gosto de visitar...
Ouvia eu, um dia destes na televisão, um jovem designar a sua geração por geração fast. Ou seja, do conceito de fast food, passou-se ao fast tudo. E acrescentou ainda: actualmente, todos os jovens vivem, com grande intensidade, o conceito de descartável.
Este jovem que deixou ficar no ar uma aura de frescura e de inteligência up to date, pareceu-me muito interessante. Em especial porque foi capaz de fazer uma crítica bastante lúcida do tempo em que vive, de si mesmo e da juventude actual. Mas também foi capaz de traçar um esboço nítido e claro do que é este nosso tempo tão tremendamente fast...! Gostei de o ouvir e foi reconfortante confirmar que a juventude sabe pensar e fazer pensar.
Mas tudo isto para dizer que é aqui mesmo que se vive de modo radical esse ser descartável. Fazer um blog é rápido, apagá-lo também. É coisa de segundos. Vá lá...minutos. Na pior das hipóteses. Mantê-lo é bem mais difícil e demorado. Descobrir o seu sentido... talvez uma busca que se prolongue por muito tempo...
E apeteceu-me dizer que continuo a empreender a minha. É por isso que o mantenho vivo. É por isso que continuo a sentir interesse em comunicar por este processo. Do eu... ao(s) outro(os), esta espécie de espelho torna-se essencial. Um espelho de múltiplos reflexos, entre os quais aqueles que gosto de visitar...
13 comentários:
Eu que gosto de ti, da forma como pensas e dos teus textos, confesso que, por vezes, de tão extensos me perco e acabo por ler na diagonal, isto é, acabo por perder a sua essencial, enfim... não leio.
Porque este é um local FAST (e que não dá jeito nenhum acompanhar linhas e linhas, ainda por cima com uma largura de coluna enorme)... VIVA O PAPEL para os textos mais longos!
Gosto deste texto, menos ensaio, mais critica, opinião. E sem dúvida mais curto!!!
:-)
Gosto!
Bj
S.
creia que sim
este anselm jappe agarrou muito bem o assunto
acho que a sociedade do epectaculo chegou ao seupico maximo
aquilo que debord analisou...
está ai todos os dias.
já agora permita-me
marcas de baton de greil marcus
e a propria obra e guy debord
nao me leve a mal a sugestão
ps: foi-me dado um livrinho de turner teria eu 15 ou 16 anos....
ainda hoje faz as minhas delicias. a par de giotto,joseph beuys...john cage ou... webern. os que nunca envelhecem
ainda bem que não tens "ataques de delete" e os conservas bem arrumadinhos para quando se quer dar uma vista de olhos...
é a tua arte. que já é nossa :)
beijos
o espelho. do espírito.
.
. enquanto sempre.
Amiga!!!!
(exageras....mesmo)
aquilo é apenas um raio de um blogue....
mas que te recebe de braços bem abertos.
gratíssima.
pois eu acho magnífico que tenhas usado este título para abordar este tema, minha amiga. e que saibas ouvir com essa atenção os mais jovens. eu não consigo dar valor a nada "fast" :) beijinho muito grande e obrigada pelas tuas palavras amigas no meu blog *
Por lapso, apaguei o comentário da Mie que a seguir transcrevo. Pelo facto, peço as minhas maiores desculpas.
«Há coisas impressionantes, deixam-me com um ah!
Não ouvi o jovem a que te referes aqui, não tinha vindo aqui ainda... e hoje pela primeira vez empreguei a expressão "fast tudo" que nunca tinha ouvido, como o conceito que tenho do estilo de vida dos nossos dias...descartáveis.
Quanto a blogs, eu também estou na mesma, ainda não fechei o meu porque espero encontrar o seu sentido, mas que é difícil alimenta-lo lá isso é, e há dias que apetece mesmo
apaga-lo...afinal é só um clic.
Um beijo
grande»
6 de Maio 2008 22.02
Desculpa, Mie! Foi totalmente sem querer! Mas julgo que assim resolvi o problema...
Beijos e obrigada!
profícua especulação
mes fast hommages
ou vénia rapidinha
(um reflexo)
Apesar destes espaços virtuais serem Fast, os seus blogues tornam-se slow, pela prazer demorado de ler a sua escrita.
Anad
Há blogues e blogues. Nos seus cultiva-se aquele vagar que permite fruir e pensar.
Dá que pensar, não dá? Pois dá! Se nós somos, de igual modo, descartáveis, como não o hão-de sê-lo os blogs? E, relativamente a tal descarte, nem Descartes nos ajuda e muito menos salva, com a sua "dúvida metódica". :)
Pela sua própria origem – como tentarei explicar mais à frente -, tem o “blog” isto de comum de ser e não ser ao mesmo tempo. De se escrever ao longo dos dias e de se apagar enquanto o diabo esfrega um olho. De nos agradar e, simultaneamente, nos desgostar. De ser instável e volátil, como quase tudo na natureza, seja ela a humana ou a das coisas.
Não sei se tais antagonismos terão a ver com as fases da Lua, com a mudança de quadrante ou da intensidade dos ventos, ou com a variação da altura das marés, ou, ainda, com a luz e a escuridão ou com todos estes fenómenos, em conjunto ou em separado.
O certo é que se atentarmos na origem do termo “blog”, que nada mais é que a união do “b” de “Web” com o vocábulo “log”, vocábulo que, entre outras acepções, é traduzido em português como “diário”, ou mesmo “diário de bordo” - prefiro esta equivalência, para a minha "explanação" -, nada mais natural que concluirmos que as alterações dos ventos e das marés - e aqui entram as supracitadas fases da Lua – e, ainda, a luz e a escuridade tenham uma profunda influência na condução, na ancoragem e até no afundamento do navio... perdão, do blog. :)
Mas não terá que temer, porquanto os seus “navios” são muito bem estruturados, com quilhas, cascos e rodas de leme em aço inoxidável, o que lhes proporciona, além de uma enorme robustez, um equilíbrio infinitamente estável. Jamais adernarão e muito menos se afundarão [já eu não digo o mesmo de dois dos meus, que se afundaram, tendo, no entanto, conseguido recolher alguns salvados, por virtude do “deus” Google. :) ]
É sempre muito bom passar por aqui.
Bom fim-de-semana.
(Peregrino/Zénite)
S: eu que também gosto de ti e da tua maneira de pensar, agradeço a tua opinião que é sempre importante para mim. Apesar de eu ser de uma geração que só consegue ser semi-fast :):), compreendo perfeitamente o que disseste.
O Non 2 tem sempre excelentes sugestões! É um espelho recorrente, para mim...
Beijinhos amigos! :)
Art&Tal: o meu muito obrigada pelas suas interessantes sugestões de leitura! Sinceramente, serão sempre bem-vindas! :)
Isabel: obrigada pelo teu sempre simpático apoio e partilha constante nesta esfera! :) Gosto imenso da tua excelente sensibilidade fotográfica!
Beijinhos!
Isabel Mendes Ferreira: o Piano é um espelho onde gosto de procurar reflexos-outros, criados pela original veia artística da sua autora... o mesmo para o Hora Tardia... Insubstituíveis...
Um beijinho amigo e agradecido pela constante partilha! :)
Alice: ouvir os jovens faz parte do meu trabalho. Na verdade, ensinam-me imensas coisas e ser-me-ia difícil viver sem tal intercâmbio.
Para ti, o meu obrigada pela tua escrita tão bela e tão autêntica, a qual tenho tido o prazer de partilhar...
Beijinhos amigos e votos do maior sucesso literário para a tua poesia! :)
Mie: espero que nunca apagues o teu blog com qualquer tipo de clic!!! :)
É um blog absolutamente encantador pela sua esplêndida luminosidade! E gostaria de continuar a partilhar a tua forma de expressão, incluindo as tuas excelentes fotografias!
Beijinhos! :)
pn: muito obrigada pela homenagem em reflexo rápido! Fruto do tempo e do espaço... :)
Anad: obrigada pelas simpáticas palavras! :)
O seu blog está super acolhedor! Parabéns! E um beijinho!
Raa: pensar com os outros é sempre melhor do que pensar a sós! :)
Obrigada pelo apoio e pela partilha de tantos tópicos interessantes no Abencerragem e outros blogs seus...
Peregrino/Zénite: que excelente reflexão deixou aqui ficar! :)
Muito obrigada, sinceramente.
É mesmo isso que diz: um blog pode ser como um navio, meio à deriva ou ancorado, perdido ou reencontrado... às vezes, afundado!
Outras vezes, recuperado! :):)
Espero (re)encontrar os seus navios por aqui pelo ancoradouro da blogosfera!
Poesia excelente e cuidada sempre encontrei por lá!
A todos: obrigada!
o tempo de um blog, os tempos melhor dizendo...
curiosa reflexão
(perdi-me na leitura também dos comentários)
um blog pode ser eféremo/descartável, ou pelo contrário, denso... a diversidade cabe neste "tempo" blogosférico dos posts...
(e este deixou-me a pensar...)
:)
um beijo
p.s.
e que a "catarse" continue aqui por muito mais tempo...
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