Fotograma do filme Salmon Fishing in the Yemen |
Salmon Fishing in the Yemen (2011) encaixa na categoria de comédia romântica. Dentro do género é bastante divertido e bem conseguido. Além do casal principal, interpretado com sucesso pelos respectivos actores, temos um sheik visionário, do tipo que fazia falta aqui pelas nossas bandas, para implementar projectos grandiosos em terreno improvável. O que me conduz ao aspecto mais interessante do filme, o qual teria ganho, caso apostasse a valer no seu carácter de sátira política. Ora, o realmente sui generis deste filme, dizia eu, é o facto de, por entre o ambiente característico das relações amorosas bonitas e enternecedoras, colocar a questão da fé. Pescar envolve a crença inabalável e inexplicável de que um belo peixe - pode ser um salmão, claro - há-de picar, seguindo o rasto do isco. Sem essa dimensão de fé, o pescador ficaria perdido, defende o nosso simpático sheik. E digo eu: é bastante parecido com o sentimento presente na crença de que a nossa selecção fará uma boa figura neste Europeu de Futebol. Estando nós num grupo tão difícil, como se sabe, a única coisa que faz sentido é acreditar. Logo, deveríamos ser poupados a programas intermináveis, onde se colocam questões absurdas aos entrevistados-comentadores-profetas-adivinhadores. Poupados a coisas do tipo: "mas quais os motivos que o levam a acreditar? que razões o fazem sentir essa fé numa boa prestação da nossa selecção?". Perante este quadro de especulação para entreter acéfalos, que se prevê arrastar-se por um período de tempo considerável, há muito mais paciência e prazer, sem dúvida, em aprender mais sobre o salmão: por exemplo, sobre comportamentos determinados geneticamente ou não; sobre se é possível condicionar verdadeiramente o comportamento dos peixinhos, mantendo-os em cativeiro, ou não? etc, etc, etc... Mas, isto, sou eu, que não tenho paciência para certas coisas, mas tenho para outras.
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