coisas pouco belas enfrentavam a manhã
que não as desfazia
ao longo da travessa estreita e colorida
as mesas inclinadas na calçada irregular
pratinhos trepidantes com cafés
diziam tudo
à vida escorregadia
então um sopro de anima
e houve de ti imagem
como se sentado na esplanada
fosses um tal de lisboeta
e eu de perto
como se à luz raiante da manhã
o grande mundo me mostrasses
ainda infantil brilhante
no fundo do caleidoscópio
depois
as folhas cintilaram horas
e a vida perturbou a calçada
uma carrinha vermelha passou
embalada fosforescente
a luz ou eu
voou um corropio
e um pássaro gritou
sem ti
[mais tarde à noitinha por entre a escuridão
escrevi-te: ensina-me a prender luz nas mãos]
A.P.
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