É preciso regressar ao trabalho, com afinco e boa disposição. Lá isso é. Nesta pequena interrupção, cheia de festas e convívios, apercebi-me de uma coisa em especial: o meu horizonte temporal finalmente ficou mais curto. Digo finalmente porque nunca pensei muito no caso antes. Mas, entretanto, pesei bem o facto. De que já não viverei o dobro, seguramente resta-me menos que o dobro. É assim que o tempo passa. Sem dúvida, altera as perspetivas. Pois é verdade: terei que passar a cuidar mais da saúde, num país onde o SNS está em risco e repleto de dificuldades. Por outro lado, um horizonte temporal mais curto não é necessariamente mau. Tem como consequência, entre outras, a capacidade de colocar tudo o que importa no seu devido lugar, e com muito mais segurança. Mas (há sempre um mas!) neste país falho de esperança, até ver..., colocar o que importa e respetivas prioridades no lugar adequado pode ser tarefa bem difícil. De resto, ninguém devia começar, ou mesmo recomeçar, fosse o que fosse, em jeito de mera sobrevivência. O que desejamos sempre, certamente, é chegar ao patamar do viver, do viver a sério, como realmente merecemos. Usufruir daquilo a que chamamos qualidade de vida. Essa que aqui e agora se mostra cada vez mais reduzida - fica-nos, espero, o sol magnífico e as temperaturas amenas deste canto da península.
E é assim que começo o novo ano - "2012, o difícil". Repito o ciclo, norteada por esta singela constatação (que vem de um tempo em que se aprende finalmente com ele, isso parece-me muito claro): é preciso estabelecer prioridades e dar valor ao que realmente o tem. É por isso que, cada vez mais, aqueles que amo serão a minha infalível bússola. É sempre fácil uma pessoa perder-se...
E é assim que começo o novo ano - "2012, o difícil". Repito o ciclo, norteada por esta singela constatação (que vem de um tempo em que se aprende finalmente com ele, isso parece-me muito claro): é preciso estabelecer prioridades e dar valor ao que realmente o tem. É por isso que, cada vez mais, aqueles que amo serão a minha infalível bússola. É sempre fácil uma pessoa perder-se...
5 comentários:
És uma jovem! :)) «O tempo que o tempo tem» :) é muito mais elástico no tempo que há-de vir, do que a densidade do tempo que foi...
Bom, não sei bem o que isto possa significar, mas o devir é sempre potencialmente sem limite, pelo que incomparável com o tempo finito pretérito;
enfim, isto já me parece fazer mais sentido, e a minha experiência ensina que é-se menos dirigido para objectivos concretos na segunda metade da vida pelo que muito se ganha em objectividade e abertura ilimitada ao devir :)
O drama do tempo persegue os homens, e contudo ninguém o explicou, como quando perguntaram a Santo Agostinho o que é o tempo e ele respondeu: "Se me não perguntares saberei, mas se me perguntares já não sei." E julgar que Thomas Mann escreveu aquela grande obra "A Montanha Mágica" onde discute o tempo e não o encontra; ou Proust que vai atrás do seu tempo perdido... para nós além do tempo restam-nos os dilemas da nossa existência! Verdadeiro regalo ler este texto, acho que com estas palavras também respondi ao 'post' anterior, retomarei mais tarde as restantes leituras, foi um prazer novamente responder após alguma ausência de comentários (mas não de leitura) :)
Recuso-me a pensar que este será o pior ano. Há-de haver de tudo. Até temos mais um dia para tornar 2012 melhor...
Ana Paula,
Uma realidade que, quando constatada, para muitos se revela assustadora.
Em termos pragmáticos, não é! É, isso sim, a forma de nos consciencializarmos que o nosso tempo é finito, logo, que há que o aproveitar o melhor possível.
Minudências? Para quê dar-lhes importância?
Bom Ano.
Beijinho.
P.S Há tempo deixei mensagem num outro post. Será que não entrou?!
Sem dúvida que o problema do tempo é sempre uma constante na problematização da vida, como Santo Agostinho quando lhe perguntaram o que é o tempo e o filósofo apenas respondeu: "Se me perguntares não sei, mas se não me perguntares já sei!", ou também Thomas Mann que persegue o dilema do tempo ao longo das suas imensas páginas de "A Montanha Mágica", ou Proust que embarca naquela procura do tempo perdido. Em parte acho que este comentário também serviria para o 'post' anterior.
Também os problemas da nossa sociedade actual mantêm as dúvidas quanto ao futuro.
Volto sempre que posso a este espaço, o qual faz algum tempo que não comento. :)
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