Ó mar azul meu actual paul
ó catedral de angústia ó pequena réstia
dessa feliz felicidade que sei que não há-de
haver sem eu correr o risco de a perder
(...)
Humano mesmo se demasiado humano
povoam-me cidades sossegadas
de sonhos que semeiam as semanas
onde só o silêncio é soberano
Dobra-se a brisa à mão do meio-dia
a fantasia é fértil em verdade
e do presente obscuro português
algum futuro há-de enfim nascer
Do salmo lúgubre da luz final do dia
que já há quatro séculos se entoa
hão-de rasgar a noite portuguesa
as raparigas da cidade de lisboa
E eu hei-de voar ao vento do momento
Dizias qualquer coisa? Esta manhã? Perfeitamente
Excertos do longo poema de Ruy Belo intitulado "Enganos e Desencontros" in O tempo das suaves raparigas e outros poemas de amor
Foto: A.P.
Foto: A.P.
12 comentários:
Lá estarei
se as tempestades acordarem
de preferência com relâmpagos
Bjs
Sempre belos,
os versos
do poeta Ruy Belo!
Belíssima escolha, querida amiga.
Gosto do teu gosto...
Beijos.
Perfeitamente !
Um abraço, Ana Paula.
Ruy Belo da minha perdição. Poema de uma actualidade espantosa, esta, de voarmos "ao vento do momento" a olharmos para a "catedral de angústia" em que o nosso país se tornou. Simultaneamente belo e triste.
Um abraço.
Ruy Belo, sempre.
Beijinho, Ana Paula.
Há dias assim... sem dúvida!
A grandeza de Ruy Belo reside na simplicidade da sua linguagem poética. Este poema é de uma beleza rara. Bem hajas, Ana Paula, que o lembraste. Tudo de bom. Boa semsna.
Excelente lembrança que talvez possa perdoar algum fortuito esquecimento.
É bom haver dias assim...
Beijinho
Ai, "via", tens razão!
Tenho que redimir-me. Foi sem querer.
Beijinhos amigos.
Gosto mesmo de Ruy Belo...
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