Ainda em matéria de fé, é imperdível Dúvida. Mas quem queira assistir a um filme com efeitos especiais, ou com rasgos de glamour, não deverá ir vê-lo. Quem deseje narrativas enfeitadas não vai encontrar nada disso (e todos estes anseios são legítimos, mas, neste caso, sairiam frustrados). Porque este é um filme à moda antiga. Do princípio ao fim, o ambiente é austero e realista. O trabalho de realização eclipsa-se (com propósito), ficam os actores e as suas absolutamente magníficas e espectaculares interpretações!
Pena que, mesmo assim, o filme não aprofunde a questão do papel social da Igreja. Ontem, como hoje, a repensar. Embora a reflexão esteja sempre presente (e isto, passando-se o enredo nos anos 60 - EUA): modernização das práticas e rituais, abertura de espírito (face ao extremado puritanismo), celibato, crises de fé ...etc.
Há uma abordagem igualmente muito interessante e profícua acerca da educação.
Tudo começa com a dúvida, constrói-se dela... e termina nela. A cisão interior do ser humano começa quando a dúvida se introduz no âmago da certeza. Na verdade, honestamente, ninguém escapa da vivência de ambas.
Esta atmosfera de profunda inquietação respira-se em cada rosto e seus detalhes, focados sem fugas. Com extrema intensidade. Os diálogos profundos prolongam e sedimentam a estrutura psicológica das personagens. Magistral trabalho de interpretação! A nível de todos os actores. Não pude deixar de ficar algo boquiaberta com esta Meryl Streep transcendendo-se a si própria. Isto é arte, isto é ciência, isto é técnica, isto é vida!
Quanto a outras actrizes, Amy Adams e Viola Davis, projectam-se na mesma dimensão de excelência. No caso de Philip Seymour Hoffman, sei que sou algo suspeita. É um dos meus actores preferidos actualmente. Desde que vi o seu papel em Capote.
Há uma abordagem igualmente muito interessante e profícua acerca da educação.
Tudo começa com a dúvida, constrói-se dela... e termina nela. A cisão interior do ser humano começa quando a dúvida se introduz no âmago da certeza. Na verdade, honestamente, ninguém escapa da vivência de ambas.
Esta atmosfera de profunda inquietação respira-se em cada rosto e seus detalhes, focados sem fugas. Com extrema intensidade. Os diálogos profundos prolongam e sedimentam a estrutura psicológica das personagens. Magistral trabalho de interpretação! A nível de todos os actores. Não pude deixar de ficar algo boquiaberta com esta Meryl Streep transcendendo-se a si própria. Isto é arte, isto é ciência, isto é técnica, isto é vida!
Quanto a outras actrizes, Amy Adams e Viola Davis, projectam-se na mesma dimensão de excelência. No caso de Philip Seymour Hoffman, sei que sou algo suspeita. É um dos meus actores preferidos actualmente. Desde que vi o seu papel em Capote.
Um excelente filme. Certamente, um dos melhores do ano. Na verdade, trata-se da adaptação cinematográfica de uma peça de teatro, a qual foi também um sucesso - para saber mais, ver AQUI
À saída, ouvi algumas pessoas comentar que o filme era um pouco "pesado". O que quer que isso signifique, concordo. Mas, para mim, essa é uma boa qualidade. O que é importante, inquietante e interpelador, não pode deixar de possuir, efectivamente, algum "peso".
Finalmente, um outro aspecto poderoso: enquanto se assiste ao desenrolar da história, nunca nos são dadas certezas de nada, cada vez nos vamos impregnando mais de insidiosas dúvidas. O paradoxal: pela dúvida se constrói a fé (?).
Imagens: pesquisa do Google
Finalmente, um outro aspecto poderoso: enquanto se assiste ao desenrolar da história, nunca nos são dadas certezas de nada, cada vez nos vamos impregnando mais de insidiosas dúvidas. O paradoxal: pela dúvida se constrói a fé (?).
Imagens: pesquisa do Google
9 comentários:
Olá Ana Paula
Imagens austeras, o "peso" da dúvida a contrastar com a desejada leveza da fé, ou da iluminação das incertezas que a acompanham. Um filme a ver, sem dúvida.
Beijinho e bom início de semana, com menos chuva e mais luz,
Isabel
Vou vê-lo. Já tinha lido sobre ele e fiquei interessadíssima e agora mais ainda.
O tema da Fé é-me muito "familiar" digamos assim.
Um beijo
enorme
Despertaste-me a curiosidade. Beijinho!
estou curiosíssima com este filme, porque tenho admiração pela actriz e os sentidos muito aguçados depois de ler este post :) beijo, ana paula.
Ficou a curiosidade para o filme: Assim tenha eu tempo. Editei algo que gostavas que visses, pois parece-me que não está nas melhores condições técnicas. Tudo de bom e continuação de boa semana.
Paula
Obrigada pelo teu testemunho. Ando tão arredia das salas de cinema... lá irei, lá irei.
bjs
grata pela sugestão..........
Obrigada pela sugestão. É um que pretendo ver.
bjs
vi a peça, com o diogo infante e a eunice e achei inquietante.inquietante porque ficamos na dúvida, porque não sabemos vedadeiramente o que pensar, porque aqui o juízo se nos recolhe! ou ver o filme certamente! Bom fim-de-semana!
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