Ilusões. Precisam-se (?)
«A grande dificuldade que se coloca é que não basta viver exactamente segundo a norma. De facto, consegue-se até (ora com justiça, uma justiça extrema, dentro do possível ) viver mediante as regras. As contribuições em dia. As facturas pagas a tempo. Nunca andar sem bilhete de identidade (e a pochette de estimação para os cartões de crédito!...)
Contudo, não se cultivam amizades.»
Contudo, não se cultivam amizades.»
Este é um escritor polémico e provocante. Uma espécie de escritor maldito do nosso tempo. Não concordo com a sua visão por inteiro. Mas acho-o genial em diversos aspectos. Um deles é o que se prende com a sua capacidade de expor sem hipocrisias alguns dos traços fundamentais da nossa época.
A sua mais recente publicação aqui
O seu recente filme (não muito bem recebido pela crítica) aqui
Quanto às ilusões... são parte de um tema pelo qual me interesso cada vez mais ultimamente: "realidade e verdade". Não sei , rigorosamente, se são positivas ou negativas, até ver... Mas sei que parece difícil (e mesmo impossível) viver sem elas. Se assim não fosse, como se cultivariam amores e amizades?! Como seria possível seguir sempre em frente?! A não ser que se prossiga apenas em resultado de uma luta pela sobrevivência.
Imagem: pesquisa do Google
A sua mais recente publicação aqui
O seu recente filme (não muito bem recebido pela crítica) aqui
Quanto às ilusões... são parte de um tema pelo qual me interesso cada vez mais ultimamente: "realidade e verdade". Não sei , rigorosamente, se são positivas ou negativas, até ver... Mas sei que parece difícil (e mesmo impossível) viver sem elas. Se assim não fosse, como se cultivariam amores e amizades?! Como seria possível seguir sempre em frente?! A não ser que se prossiga apenas em resultado de uma luta pela sobrevivência.
Imagem: pesquisa do Google
19 comentários:
Porque será que este texto me recordou um poema de alguém que gosto muito e que aqui deixo...
"Eu ouso a paixão
não a recuso
Escuto os sentidos sem o medo por perto
troco a ternura da rosa
ponho a onda no deserto
A tudo o que é impossível
abro e rasgo o coração
Debaixo coloco a mão
para colher o incerto
Desembuço o amor
no calor da emboscada
infrinjo regras e impeço
Troco o sonho dos deuses
por um pequeno nada
Desobedeço ao preceito
e desarrumo a paixão
Teço e bordo o meu avesso
e desacerto a razão"
(Poema de Maria Teresa Horta)
Um abraço e bom domingo ;)
vivemos dela meu Anjo....
tanto e tão pouco.
como asas.....de borboleta.
que caiem.
abraççooooooooooooooaçodeabraço.
este tema,
era um dos do'Barry Lindon'
e um dos meus!
Bj
graças a Deus,
graças!
tenho muitos
e
bons
Amigos !
porquê ... não sei mas provas disso tenho
e
repito
dou graças a Deus!
É imprescindível o calor
verdadeiro
dos Amigos... esses que nos estão próximos e que se escolhem.....
a dedo!
Ana Paula, desculpa, mas desta vez, acho melhor ficar calada. O meu enjoo diante do M. Houellebecq é de tal ordem que não consigo ser imparcial....
Duvido que ele cultive amizades, pelo que prefiro ler gente mais humilde, mais sábia, como a Yourcenar, por exemplo. Creio que ela vai muito mais ao essencial da questão.
Mas isto é só o que eu sinto...
Hei-de lê-lo, provavelmente, quando a poeira assentar. :|
Menina Marota: é um excelente poema e muito bem lembrado!
Um beijinho :)
IMF: sem dúvida... é muito dela que vivemos! Reconheço.
Um abraço também :)
Audrey: é um dos meus filmes preferidos, e este toque de Schubert na banda sonora é inesquecível!
Eu também tenho alguns amigos, e os que tenho são mesmo daqueles verdadeiros.
Bem-vinda! :)
Ângela: estás à-vontade quanto ao Houellebecq. De facto, muita gente não gosta dele. Ele também faz pouco para ser simpático, é bem verdade.
Gosto muito da Yourcenar, sempre, mas aprecio o Houellebecq em certos aspectos. Sou sincera. Aprecio, por muito que também o critique.
Quanto às amizades, é provável que não tenha muitas. Mas a amizade é algo muito complexo também.
O que tu sentes é importante.
Foi bom apareceres :)
RAA: claro, nunca conseguimos ler tudo! :) Tenho muitos para ler também, e o tempo escasseia.
Bom início de semana para todos!
Nos últimos anos não devo ter lido autor que mais detestasse. Li um romance, comecei mais dois e coloquei-os de parte. Escrevi então sobre a repugnância que me causou no meu blogue. É nome a que dificilmente voltarei.
Quanto ao amor e à amizade e às ilusões e desilusões, pois é verdade: são muitas, tanto umas como outras. Vamos andando, louvando e carpindo, umas e outras. Há o que é sólido durante a vida e o que vai flutuando ao sabor do momento. À medida que as tecnologias vão avançando, parece que as amizades mais sólidas e seguras serão, se calhar, as virtuais. Não causam problemas, a não ser que se transformem em reais. Que também tenham cheiro, tacto e as possamos ouvir falar na nossa frente. Já vi casos de quem troca facilmente fidelidades virtuais a amizades reais. Mas continuo a preferir as que se vêem, se tocam, se cheirem, mesmo quando nem tudo são rosas. O que coloca o tema da “realidade e verdade” e igualmente o da “aparência” e “inverdade”. Verdade e mentira, ilusão e desilusão, engano e desengano. Todos os dias se vão aprendendo coisas, sobre as pessoas, as lealdades e deslealdades, e sobre romancistas mais ou menos ignóbeis que fazem carreirismo nesta sociedade virada para o reverso da medalha. Posso ter os meus ódios de estimação: este é um deles.
Respeitos.
Lauro António: é preciso estimar, nem que sejam ódios.
Por pouco popular que possa ser a minha posição acerca do Houellebecq (apesar de muitas mentes brilhantes e cotadas no meio da crítica literária partilharem dessa consideração pelo autor), reafirmo a sua importância quer do ponto de vista literário, quer do ponto de vista da temática do mal-estar da sociedade actual que aborda.
Felizmente, há gostos e público para tudo. E o universo é imenso...
Há um aspecto interessante acerca de alguns escritores ( assim como noutras áreas) e que é de assinalar: consideram-se muito bons depois de mortos; quando vivos são detestados. Acho que isto dá que pensar... pelo menos a mim dá.
Por outro lado, detestar-se é bom, significa que não gera indiferença.
Talvez seja duro demais ler alguns autores, detestáveis, repugnantes, etc...
Mas que podem ser importantes. E que se amam ou odeiam. Acho que, neste caso, eu fico do lado do amor. Pela gritante infelicidade e existência torturada do Houellebecq. Tão cruamente exposta na sua escrita.
Pessoalmente (embora seja uma ingénua) gosto de quem escreve bem. E considero ser o caso.
O que não invalida muito desacordo com o autor, da minha parte, face a uma sua certa postura.
Quanto às ilusões (até há quem afirme que o mundo não passa de uma ilusão), a fronteira entre realidade e ficção pode tornar-se tão ténue...
Mas é um tema muito interessante, é verdade.
Muito obrigada pela atenção! :)
Obviamente que os gostos e os amores seguem-se, como afirma e bem. Nesse caso nada a objectar.
Mas amar Houellebecq “pela gritante infelicidade e existência torturada do Houellebecq. Tão cruamente exposta na sua escrita”? Por favor, poupe-me. O Houellebecq é uma criação de uma certa vanguarda miserabilista, um tipo de arte dita alternativa mas que vende bem e faz bom mercado. De resto roça o que há de mais ignóbil, entre o fascismo, machismo, e tudo o resto. Este exibicionismo grosseiro, que se quer “artístico”, e que seduz almas generosas, se estivesse no “momento da verdade” da SIC seria muito mal visto. Quanto à existência torturada, há por aí muitos “serial killers” que também a tiveram e tão bem a “expuseram” nos seus crimes. Não me convencem.
Haver “mentes brilhantes e cotadas no meio da crítica literária (que) partilham dessa consideração pelo autor” não me diz nada igualmente. Eu penso por mim, não por eles. Na História Literária há tanta trafulhice, tanto carreirismo, tanto engano! Os argumentos de “autoridade” valem o que valem.
Há outra afirmação sua interessante: “consideram-se muito bons (alguns escritores) depois de mortos; quando vivos são detestados.” É verdade. A inversa é muito mais frequente, infelizmente para si. Muitas estátuas vivas desaparecem dois anos depois de mortas.
São escritores de moda no seu tempo, que a posteridade nunca recordará. Muito amparados por “cortes” (as tais “mentes brilhantes e cotadas no meio da crítica literária” do seu tempo).
“Por pouco popular que possa ser a minha posição acerca do Houellebecq, (…) reafirmo a sua importância quer do ponto de vista literário, quer do ponto de vista da temática do mal-estar da sociedade actual que aborda.” Pode reafirmar, claro. Mas mesmo o seu “argumento de autoridade” não me convence. Mas o futuro dirá quem tem razão. De resto, a sua posição não é anti-popular, muito pelo contrário. Veja as vendas que o “desgraçadinho” vai fazendo e as “mentes brilhantes e cotadas no meio da crítica literária” que lhe asseguram o crescente mercado.
Se existe mal-estar na sociedade actual, se calhar é por haver falcatruas artísticas (como o Houellebecq) que destilam esse mal-estar que vende tão bem. Acho detestável esse universo de pulhice humana que se escreve porque está na moda e dá boas receitas. Virá aí agora o filme, com muito sexo, a dois, a três, pela frente, por trás, mulheres nuas e carne para vender, e “a desilusão na Humanidade” e outras tretas tais para fazer crescer a conta bancária do “desgraçadinho”.
Muito mais interessante é a discussão sobre as ilusões: “Quanto às ilusões (…), a fronteira entre realidade e ficção pode tornar-se tão ténue...” É verdade. A Ana Paula prefere a ficção da (sua) boa literatura e da (sua) boa arte “alternativa” de uma certa vanguarda à realidade? Será? Eu acho essa certa vanguarda pífia, sem ponta de criatividade, uma receita a preto e branco para enganar papalvos. Mas cada um gosta e ama o que quer, e o que lhe parece a melhor opção, “real ou virtual”. A Ana Paula, que tem escolhas tão decisivas e opções tão certas e seguras, aqui, como já sabe de conversas anteriores, inclusive no meu blogue, continuamos longe. Sigo sempre com atenção o seu blogue com a amizade de sempre. Esta autentica e “real”. Muitas vezes estou de acordo consigo. Aqui não. Como noutras questões de que também já esgrimimos pontos de vista.
Finalmente: “é preciso estimar, nem que sejam ódios”. Não é o meu caso. Utilizei uma expressão popular, mas não estimo ódios. Lamento-os. Profundamente. Não sou “houellebecqueano.” Nunca o serei. Para mim “é preciso estimar”. Somente.
Desculpe o espaço e o tempo.
Lauro António: penso que a posição anti-Houellebecq já ficou muito clara aqui no meu blogue.
Mais uma vez, muito obrigada pela atenção.
não conheço o escritor
__________é nas margens que fervilha a mudança, o resto vai na correnteza!
deixo um beijo
A vida está replecta de ilusões necessárias. A ilusão tornou-se o verdadeiro sustentáculo da existência dos indivíduos, talvez o único com que se possa sempre contar.
um beijinho
passei para deixar um beijinho
Apenas mais uma achega para se “compreender” melhor o talento do aludido Michel:
Estreou em Paris, a 10 de Setembro, “La Possibilité d’une Ile”, filme de Houellebecq, segundo romance de sua autoria, com Benoit Magimel e Patrick Bauchau, entre outros. A recepção da crítica, desde a mais exigente (Cahiers du Cinema, Le Monde, Le Nouvelle Observateur, etc. ) à mais popular foi quase unânime. De uma a 5 estrelas, aqui fica a opinião da crítica francesa. Não me guiando pela opinião dos outros, não deixa, porém, de ser significativo.
Moyenne :
VSD ***
Télérama ***
Paris Match **
Le Point **
A Nous Paris **
Les Inrocks **
Comme au Cinema *
Première *
Libération *
Le Nouvel Observateur *
les Cahiers du Cinema *
Le Monde *
Ouest France *
Métro *
20 Minutes *
Studio Magazine *
Le Journal du Dimanche *
CinéLive *
TéléCinéObs *
Ana Paula, não veja nesta troca de opinião nada de pessoal. Mas há casos de perfeita aldrabice intelectual que me chocam.
Para conformarem podem ir a: http://www.commeaucinema.com/film=la-possibilite-d-une-ile,81620.html
estimada ana
claro.... há que as tentar.
o resto sao cartoes de credito.
as pessoas levam uma vida tao disfarçada... tão encenada.
enfim
do houellebecq nao falo. ainda nao me dei ao trabalho :)
Acerca de Houellebecq (e não só) partilha cada palavra e cada vírgula do Lauro António. Eu não fui capaz de ser assim clara e certeira. Foi um prazer rever-me no que escreveu.
Como já assinalei antes, penso que a posição anti-Houellebecq já ficou muito clara aqui no meu blog.
Agradeço de novo aos seus defensores a sua veemente manifestação.
Quanto à posição contrária, que é na qual me situo, penso que também ficou muito clara.
Sabes Ana Paula, vivi d eilusões toda aminha vida, foram elas que me permitiram chegar aqui, seja lá o que isso for.
Mas nestes ultimos dias perdi ilusões onde pensei que tal nunc apudesse acontecer eisso foi um choque, um vazio.
Ilusõe sprecisam-se!
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