As minhas leituras de Kafka começaram com a sua "Carta ao Pai", ao entrar na idade que designamos por adulta. Logo de seguida, devorei a inesquecível "Metamorfose". Um pouco mais tarde, embrenhei-me n' "O Processo", tendo relido dele vários capítulos no Verão passado. Continuei com "O Castelo" que me apetece reler. Leio e releio os seus "Contos" periodicamente...
Confesso que adoro o estilo e considero-o intemporal. Acabadinho de ler, por mim, está este "O Fogueiro - Um Fragmento". Pequeno texto que na sua aparente simplicidade não deixa de ser interessantíssimo.
Alguns aspectos a considerar: trata-se do primeiro capítulo do romance "O Desaparecido"; Kafka minimizava a qualidade e o valor dos seus textos e revia-os, escolhendo para publicar muito pouca coisa - foi este o caso d' "O Fogueiro" e, por isso, insistiu com o editor em apresentá-lo como sendo apenas um fragmento; é assim que este texto vem a ser publicado em Maio de 1913, na primeira série da colecção «O Dia do Juízo», a qual viria a tornar-se importante para a história do expressionismo alemão.
"Era realmente como se o fogueiro não existisse mais. Karl olhou atentamente para o tio, cujos joelhos quase tocavam nos dele, e duvidou que aquele homem alguma vez pudesse vir a substituir o fogueiro. O tio evitou o seu olhar e fitou as ondas, que faziam baloiçar o escaler."
Confesso que adoro o estilo e considero-o intemporal. Acabadinho de ler, por mim, está este "O Fogueiro - Um Fragmento". Pequeno texto que na sua aparente simplicidade não deixa de ser interessantíssimo.
Alguns aspectos a considerar: trata-se do primeiro capítulo do romance "O Desaparecido"; Kafka minimizava a qualidade e o valor dos seus textos e revia-os, escolhendo para publicar muito pouca coisa - foi este o caso d' "O Fogueiro" e, por isso, insistiu com o editor em apresentá-lo como sendo apenas um fragmento; é assim que este texto vem a ser publicado em Maio de 1913, na primeira série da colecção «O Dia do Juízo», a qual viria a tornar-se importante para a história do expressionismo alemão.
"Era realmente como se o fogueiro não existisse mais. Karl olhou atentamente para o tio, cujos joelhos quase tocavam nos dele, e duvidou que aquele homem alguma vez pudesse vir a substituir o fogueiro. O tio evitou o seu olhar e fitou as ondas, que faziam baloiçar o escaler."
in "O Fogueiro", Kafka
O fogueiro é uma personagem sui generis que serve de pretexto para mostrar - dentro do universo de absurdos onde nos encontramos enredados - que as relações humanas podem ser mais espontâneas e afectuosas, autênticas e consequentes, quando as pretensões relativas a uma certa e determinada posição social estão ausentes dos relacionamentos.
É assim que o jovem Karl, protagonista da história, conclui preferir uma vida incerta, tendo um fogueiro como amigo e partilhando com ele os seus problemas profissionais. A bordo de um navio alemão que acaba de chegar a Nova Iorque, Karl despede-se deste improvável amigo, depois de inesperadamente ter descoberto que era procurado pelo seu tio, um homem de posição elevada. Dentro de si a sensação de estar condenado à frieza e ao distanciamento na vida nova que o espera...
Tudo se passa de modo inconfundivelmente kafkiano.
É assim que o jovem Karl, protagonista da história, conclui preferir uma vida incerta, tendo um fogueiro como amigo e partilhando com ele os seus problemas profissionais. A bordo de um navio alemão que acaba de chegar a Nova Iorque, Karl despede-se deste improvável amigo, depois de inesperadamente ter descoberto que era procurado pelo seu tio, um homem de posição elevada. Dentro de si a sensação de estar condenado à frieza e ao distanciamento na vida nova que o espera...
Tudo se passa de modo inconfundivelmente kafkiano.
11 comentários:
A Metamorfose e O Processo! Beijo!
Sim, um fragamento de um romance que correu com o nome de "Na América" e foi finalmente publicado na Assírio & Alvim com o título "O Desaparecido". BAsta sabermos que Kafka nunca esteve na América e que é lá que a história se passa para ir ler e terminar em deslumbramento.
Beijo
Olá, Arion! Olá, Ângela!
É verdade, Ângela, vale a pena ler Kafka! :)
Não li este "O Desaparecido" ou "Na América" todo. Só este capítulo. Atraiu-me o carácter fragmentário. Mas agora fiquei com vontade de o ler todo.
Aspecto interessante é também o facto de Kafka ter sido influenciado por Dickens, em particular (ao escrever esta novela) pelo seu David Copperfield. O que me conduz a outro autor que apetece revisitar...
Beijinhos para ambos! :)
"O Processo" é grande, para mim o melhor. Para quem gostou, recomendo também o Bulgákov ("Feitiçaria" e "Ovos Fatídicos", e já agora "Romance Teatral" e "Margarita e o Mestre"). Também "1984" de Orwell é imperdível.
as metamorfoses eram um dos livros de cabeceira da minha juventude e joyce também
agora,
estupidamente
não os leio. não os voltei a ler
NiNi
Perfeito em reencontros perfeitoao cruzar com Kafka
.
.
.
Bom fim-de-semana
bjo doce
Dos livros de referência do Kafka li apenas «A Metamorfose». Mas o meu primeiro foi «A Grande Muralha da China», in illo tempore...
PRIMEIRO AS PESSOAS
E SÓ DEPOIS
E SEMPRE
AINDA AS PESSOAS
olhei para o lado e... li Shelley... saudades dele... apeteceu-me ir à estante puxar poesia dele...........
de Kafka só li a Metamorfose e o Processo.
Gostei dos dois, da forma como aborda o absurdo do quotidiano que nós aceitamos sem questionar como a realidade.
Um beijo
enorme
todos, claro, mas em particular o Castelo e um conto ou novela: a colónia penitenciária (os limites a que os humanos podem chegar)
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