terça-feira, 10 de junho de 2008

Mix total


Isto agora é assim! Muita mix com muita tecnologia!
Transportada ao mundo ensurdecedor do groove, do house, etc... oiço excertos quase irreconhecíveis de música daqui e dali... misturados e combinados com sobreposições improváveis ou enquanto sons que se perdem ainda sussurrantes, lá ao fundo neste universo quase irreal.

Como fui aqui parar?! Seguindo os passos de um grupo de alunos, em jeito de festa de despedida, a fechar o ano lectivo prestes a terminar, incitam-me a que os acompanhe e partilhe da sua alegria e juventude com muita música, muita gente e muita confusão. A verdade é que aprendo imenso com eles, nestas incursões algo estranhas para o meu mundo e respectivas coordenadas, as que me orientam e "arrumam" todas as coisas no seu lugar certo.
Não deixo de me surpreender e até de me sentir algo alien no meu próprio espaço...

O cansaço só compensa pela aprendizagem. Sim, porque o universo mix e (re)mix exige uma dose elevada de energia suplementar, mesmo permanecendo nele como visita e por pouco tempo!



Qual o evento? A vinda de Bob Sinclar (até agora, desconhecido para mim) a Carcavelos numa festa gigante, multidão compactada ao longo da praia numa larga faixa de areia totalmente oculta. E o mar calmo de uma noite quente, sem vento, lá ao fundo mostrando uma ou outra luzinha a piscar, totalmente alheio a este fantástico ritual musical.

Quanto a Bob Sinclar (pseudónimo), a única informação que pude obter foi: é um DJ excelente! Mais nada! Informação obtida posteriormente põe-me a par: trata-se de um francês cujo nome verdadeiro é Christophe Le Friant.

Esta festa, verdadeiro fenómeno de massas e digno de profunda reflexão, espelho do mundo actual e do conceito de lúdico de grande parte das gerações mais recentes... bom, esta espécie de discoteca ao luar - em espaço amplo, livre e aberto - está inserida no âmbito do «Ano Europeu do Diálogo Intercultural: Juntos na Diversidade» e organizado pela Câmara de Cascais.

O diálogo intercultural é uma ideia e uma prática que apoio empenhadamente. Um espectáculo deste tipo, no entanto, coloca-me certas dúvidas. Mas suponho que possa dever-se a um algum desfasamento cronológico. Se é certo que vivo neste tempo, trago um passado comigo que não foi vivido por estes jovens. E o princípio tecnológico se me atrai, também me choca. Apesar disso, sempre curiosa em relação ao futuro...

O poder que amplifica o som faz parte da nossa civilização tecnológica. A dimensão dos acontecimentos é, agora, impressionante. Queiramos ou não, o rumo do futuro está traçado a uma outra escala. Na qual o ser individual de cada um corre o risco de ficar submerso, à semelhança do perfeito anonimato e da quase total indiferenciação do existir entre a multidão.

Este é um olhar, o meu, à escala (menor) do meu mundo. Para utilizar a expressão de João Barrento.


4 comentários:

Art&Tal disse...

e faça o favor de se manter assim.
é a garantia de nao ver o prazo encurtado.
para mim ouvir carlo gesualdo ou sonic youth(a minha banda preferida)...
nunca me desejei consensual. vou do 8 ao 800

ja agora... a minha discoteca preferida

angelá disse...

Não sei se o meu comentário foi aceite... se fôr o 2º, elimina, pf.
Parabéns, Ana Paula, por conseguires tão bem levar à prática a afirmação de Heidegger. Eu confesso que já não tenho energia para tal. Perdi-a, algures, numa qualquer esquina da vida.

Beijos

Anónimo disse...

:) invejo a tua profissão e a tua capacidade de entrega aos outros! um grande beijinho, ana paula. com a música que mais gostares.

Ricardo António Alves disse...

Excelente reflexão. Eu, que tenho filhos adolescentes, identifico-me com que escreveu, embora não esteja tão disponível como parece suceder -- e ainda bem -- com a Ana Paula.

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