segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Pi e a escolha é nossa

Life of Pi de Ang Lee (2012)

Pi ou nome improvável é aquele que nos coloca perante uma escolha. Se quisermos imaginar o tigre que há em nós ( e há?), vamos certamente encontrar - como alternativa para o real nome das coisas - uma bela imagem. Afinal, estaremos a mergulhar no reino da fantasia para enfrentar a violência e a brutalidade - a que os humanos podem não escapar. É isso que queremos? E é isso que preferimos, ou não? 
Ang Lee, mostrando que é possível utilizar as maravilhas da técnica de forma discreta e algo contida, recria paulatinamente esta viagem ao interior de cada um de nós, e até ao centro vital das nossas escolhas existenciais. E se muitos não a apreciam, isso deve-se ao facto de não preferirem a história de Deus, qualquer que seja a religião que crie a Sua narrativa. A história do tigre que há em nós, ou a história de Deus, podem não existir, mas surgem-nos como explicações preferíveis. Será que o são?
Talvez a verdadeira história seja aquela que se constrói por entre o oscilar inevitável entre fantasia e realidade. Encontrar o lugar certo de cada um destes domínios pode ser a verdadeira escolha a fazer, neste caso. Pi dá-nos a escolher e abandona-nos à escolha, por entre um sorriso ténue mas cúmplice. Nada a fazer. É preciso escolher, ou alguém escolherá por nós.

Facto brutal: quando Jyoti Singh Pandey foi violada por um grupo de animais humanos da pior espécie, regressava de uma sala de cinema - tinha ido ver A Vida de Pi. Serão tigres, esses tais? Pois então, eu sinto que certos tigres também se condenam. 

3 comentários:

César Ramos disse...

E não são, de certeza, tigres de papel!

Ana Paula Sena disse...

pois não! tudo indica possuírem ADN humano!

AEfetivamente disse...

E que também se abatem. Ou deviam.
(Mt bom post, adorei.)

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