sábado, 16 de junho de 2012

um talvez poema que só pode ser assim


ah o passar do tempo de outrora
plácido sossego de então
há quem diga de mim bucólica
e agora
que o tempo voa
ecoa na minha pele
como tamborilar de chuva
num dia sem mel

à hora da matéria do crepúsculo
ainda como nuvem me revejo
roçando o céu
arrisca-se um desejo
e em cima outro
esboço vagueante do meu desenho errante
que é sempre em vão a forma inteira

estranha sintaxe em tudo isto
que é pura sensação
de tarde ou noite
a hora mais parada
transforma-me a memória
e vou
ao espaço-tempo dessa áfrica
terra escura
tambores no coração
beber a imensidão de então
nas folhas sufocantes da matéria
na viscosidade multicolorida
na espessa textura denso toque
e um sonho verde tão verde asfixiante
transporta-me o cheiro do deserto
o ácido combustão a morte dos bravos animais
ao longe escondem-se velhos feiticeiros
vendem-se cestos nos lugares perdidos
e há macumbas que sopram proibidas
nos idiomas ferozes
ressuscitados por entre a escuridão

e mais não é preciso
abro a porta faço vento
o tempo passa por ela
as minhas mãos agora
com a força da intenção
largam exactamente à hora
barquinho de papel navega
e brinco contigo ao longo das colinas
espaços corridos doces
desvelam luminosos
a imaginação

pois esta é uma data no planeta terra
local portugal
modo digital
lugar virtual
regista-se afecto e sensação

assim


A.P.

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