Chamamos afins às naturezas que ao encontrarem-se se prendem rapidamente uma à outra e se influenciam de um modo recíproco. Nos alcalinos e nos ácidos, que, sendo os mais opostos entre si, e talvez precisamente por isso, são os que mais se procuram e combinam modificando-se para juntos formarem um novo corpo, é bastante notável a referida afinidade. Pensemos somente na cal, que tem uma grande inclinação para todos os ácidos, uma decidida vontade de se unir a eles. Tão depressa cheguemos ao nosso gabinete de química lhe faremos diversos ensaios que, além de serem muito interessantes, nos ajudarão melhor a formar uma ideia do que as palavras, nomes e termos científicos.
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(...) Assim, por exemplo, o que chamamos pedra-calcária é uma terra calcária mais ou menos pura, intimamente unida a um ácido subtil, que se nos dá a conhecer em forma de gás. Ora bem: se pomos um fragmento dessa pedra numa solução de ácido sulfúrico, a pedra ataca a cal e aparece depois unida a ela em forma de gesso, enquanto o ácido subtil, gasoso, se volatiliza. Produzem-se aqui, pois, uma nova separação e uma nova combinação, e cremos ter direito a empregar mesmo a expressão afinidade electiva, já que efectivamente nos aparece como se tivesse preferido uma relação a outra e a elegesse para o seu lugar.
Goethe, As Afinidades Electivas
(...mas há mais...)
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