sábado, 21 de abril de 2012

olhar o céu

Imagem Daqui

Deitei-me no fundo do barco e fiquei-me a olhar para o céu. A noite estava simplesmente magnífica. Saltei de constelação em constelação e pensei nas estrelas e no tempo em que as estudávamos e nas tardes passadas no planetário. De repente recordei-as tal como mas tinham ensinado, alinhadas por ordem de intensidade luminosa: Sirius, Canopo, Centauro, Vega, Capela, Arturus, Orion... E depois pensei nas estrelas variáveis e no livro de um amigo querido. E depois nas estrelas que se apagaram e cuja luz ainda chega até nós, e nas estrelas de neutrões, no estádio final da evolução, e no frágil raio que emitem. Disse baixinho: pulsar. E como se a tivesse despertado com aquele murmúrio, como se tivesse accionado um gravador, chegou até mim a voz anasalada e fleumática do professor Stini a dizer: quando a massa de uma estrela agonizante é superior ao dobro da massa solar, não há estado da matéria capaz de deter a concentração, e esta continua até ao infinito; a estrela deixa de emitir radiações, transformando-se assim num buraco negro.
Nocturno Indiano, Antonio Tabucchi


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