Tinker Taylor Soldier Spy ou A Toupeira (2011) do sueco Tomas Alfredson é um filme e tanto... Para já, são 127 minutos a exigirem extrema atenção, perante o complexo enredo e múltiplas personagens - ou seja, ninguém deve ir ver este filme para pura distração. No entanto, mesmo o mais atento sentirá que o intuito é ir desvelando... pois, tal como na vida mais autêntica, nada é dado de antemão. A teia tece-se devagar... mas, sobretudo, friamente. De resto, é este o ambiente, e a atmosfera: gélida. O sentimento está perfeitamente amarrado, e a couraça é mostrada com altivez. Ficamos, então, perante uma história de espionagem que decorre no período da Guerra Fria - adaptação do excelente best seller de John le Carré -, e o realizador faz jus a este "fria" com temperaturas negativas absolutamente espetaculares em termos estéticos e de desenvolvimento temático. Lealdade ou honra, o que fica é o caráter imperturbável de George Smiley/Gary Oldman, numa interpretação, a meu ver, soberba e extraordinária.
Notável é também o escape total à abordagem cinematográfica mais comum deste tipo de histórias. Aqui, não há perseguições, tiros a granel, saltos impossíveis, ou vamps Mata-Hari ao estilo tão fatal como o destino. Na verdade, o espião é um funcionário, e a toupeira, inflitrada, move-se sempre por dentro de uma burocracia MI6 e seu simétrico correspondente Bloco de Leste. Admirável ainda a reconstituição dos ambientes e cenários da época. Um bom filme, sem dúvida. Pena a frieza extrema, sobretudo para quem o viu no final do dia de Natal. De qualquer modo, pareceu-me um excelente digestivo. Perfeito contra excessos.
3 comentários:
Tenho de ver.
Li o livro há tantos anos...
Olá Ana Paula,
Ando com muita vontade de ver o filme. Esta resenha afigura-se-me extremamente pertinente, na medida em que alerta para aspectos essenciais.
Beijinho, bom 2012(?)
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