Ai o ponteiro da tortura
Ai o ponteiro da tortura
naquela sala
que a matemática tornava mais escura
em vez de iluminá-la.
Felizmente só o nada-de-mim ficava lá dentro.
O resto corria no pátio-em-que-nos-sonhamos,
Pássaro a aprender os cálculos do vento
Aos saltos do chão para os ramos.
Mas só quando voltava para casa à tardinha
encontrava a minha verdadeira matemática à espera
na lógica dura das teclas do piano,
no perfil-oiro-pedra da vizinha,
na flauta de água macia do tanque
- chuva de Mozart nos zincos da Primavera...
Matemática cantante.
José Gomes Ferreira, Poesia V
[re-descoberto no livro de Língua Portuguesa da minha filha (9º ano)/ o sublinhado é meu]
3 comentários:
Um poema altamente filosófico.
Estou de acordo Ana Paula, eu também aprecio mais a matemática cantante! Gostei do complemento de Mozart muito a propósito!...
Beijinhos e obrigada sempre pela sua partilha de coisas inesperadas!
Manuela
O nosso
Zé Gomes
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