O novo livro de António Damásio tem os seguintes objectivos e justificações, considerando as palavras do próprio autor:
«Este livro aborda duas questões. Primeira: como é que o cérebro constrói uma mente? Segunda: como é que o cérebro torna essa mente consciente? Tenho perfeita noção de que abordar questões não é o mesmo que responder-lhes e que, no que respeita à mente consciente, seria disparatado partir do princípio que é hoje possível obter uma resposta definitiva. (...) Todavia, é razoável analisar as questões e usar os dados presentes, por mais incompletos e provisórios que sejam, para elaborar uma conjectura testável e sonhar com o futuro. O objectivo deste livro é reflectir sobre essas conjecturas e discutir um corpo de hipóteses. O ponto central é a estrutura necessária ao cérebro humano e a forma como tem de funcionar para que surjam mentes conscientes.
Todos os livros devem ser escritos por uma boa razão e a razão para este foi começar de novo. Há mais de trinta anos que estudo a mente e o cérebro humanos e já escrevi sobre a consciência em artigos científicos e livros. Todavia, a reflexão sobre descobertas relevantes em projectos de investigação, recentes e antigos, tem vindo a alterar profundamente o meu ponto de vista em duas questões particulares: a origem e a natureza dos sentimentos, e os mecanismos por trás da construção do eu. Este livro constitui uma tentativa de debater noções actuais. Em grande medida, o livro é também sobre aquilo que ainda não sabemos, mas gostaríamos muito de saber.»
António Damásio, O Livro da Consciência
(o título do livro rende homenagem a Fernando Pessoa, um dos grandes trabalhadores literários da consciência, segundo António Damásio)
Começar de novo parece-me uma excelente razão para escrever. Para ler também.
[o sublinhado é meu]
12 comentários:
Começar de novo é, em si, uma boa razão... para muita coisa.
Li todos os livros de Damásio, este também é para ler.
Começar de novo,é sempre uma boa razão.
beijinhos
Já está na lista de espera. E abriste-me mais o apetite.
Um beijo, Ana.
... Comprei-o. Mas não o lerei tão cedo. Sempre Damásio me irrita um bocado. Não gosto da sua "denúncia" retórica do erro do, também médico, Descartes. Irrita-me! :) Não escrevia Descartes, justamente, sobre a «glândula pineal» e os «espíritos animais» como muletas da influência do corpo na mente? Alguma vez o filósofo Descartes deixou de basear as suas reflexões geométricas no saber empírico dos sentidos? Nele, a mente ocupa-se da experiência, embora subtraia do mundo o poder inato do "espírito" (não explica como, porque isso não se consegue). De modo que sempre me irrtou Damásio, e o seu erro! :)
Comprei-o hoje.
E o serão que nunca mais chega!
Beijinho.
saber como se constrói o eu e a consciência e saber que se pode explicar as sinapses e as relações químicas e as emoções primárias mas que a complexidade é tanta que restam ainda mais questões do que respostas, só isso vale a pena.bjo
Começar de novo
Vai valer a pena
...
como também diz a canção!
:))
Vamos a ele!
Obrigado pela sugestão.
Abraço
Estou a acabá-lo.
Para mim, Damásio ultrapassa largamente o propósito do «recomeço» e é bem curioso pensar agora no quanto este homem foi criticado pelos seus pares (e não só)por ousar enveredar pelo estudo das «emoções» e por ter publicado "O Erro de Descartes".
Um abraço e boas leituras!
Olá, Ana Paula.
Estou muito curiosa acerca destes estudos do Damásio. Como de todas as tentativas de resposta para questões como: até que ponto a actividade mental, cerebral, define a nossa existência? E como é que as coisas criadas APENAS no meu pensamento (coisas que não existem fora dele) podem não ter sido, realmente, criadas por mim, mas serem prévias ao meu pensamento delas? E serão, as minhas ideias verdadeiras, se só forem "evidentes" para mim? etc, etc, etc...
(preciso mesmo de estudar filosofia...-))))
Beijinho
Obrigada pelo comentário, Ana.
Vou tentar mantê-lo por dever comigo mesma: escrever sempre.
Beijo
Li os livros anteriores de António Damásio e com certeza que vou comprar este. A mente é algo que me fascina e me motiva muitos questionamentos.
Bj,
Manuela
Enviar um comentário