segunda-feira, 28 de julho de 2008

Tempo para um Filme


Lust, Caution de Ang Lee: um filme que estreou algures no princípio deste ano de 2008 em Portugal. Não fui vê-lo ao cinema, mas coloquei-o na minha lista de pendentes a não perder. Para quando tivesse tempo para o apreciar.
Finalmente, vi o filme. Ou o Filme.



Se eu já era admiradora deste realizador de cinema, agora sou-o incomparavelmente mais... É preciso possuir um especial ponto de vista estético para criar assim... Uma visão sensível, delicada, intensa, dramática, sensual, grandiosa e profunda. Tocante.



Uma homenagem a grandes filmes clássicos, que não pode deixar os seus admiradores indiferentes.



Baseado no conto da escritora chinesa Eileen Chang. A autora da história também merece destaque. Um enredo de grande riqueza dramática, uma brilhante e profunda análise da natureza humana, onde a vivência do patriotismo se confronta com emoções e desejos individuais.



Nada no filme surge ao acaso. Nada é gratuito. É preciso vê-lo e apreciá-lo como um todo. Admirar a criação artística que mergulha na alma humana sobretudo com o olhar.
Interpretações excepcionais.

Uma impressão que marca também a minha opinião: o filme foi criticado por alguns quanto à sua lentidão. Relativa, evidente. De facto, o filme marca um tempo que não corre depressa. Se há filmes que nos agarram pela velocidade, outros agarram pela lentidão. Apreciei precisamente essa forma de nos dar tempo, de permitir entrar devagar no ambiente, de assimilar a época, os lugares, as atmosferas. Pode não ter nada a ver directamente, mas este "ter tempo para" fez-me lembrar uma característica dos romances da Jane Austen, cuja leitura tanto me atraiu no passado... Também aí o tempo é marcado com diferentes ritmos. Uma cena tão simples como um lento passeio pelo jardim pode representar para a história um momento essencial, pelo qual o leitor pode vir a "ficar" realmente nela. Tal como aqui, no filme, o espectador.

A música é lindíssima!



13 comentários:

Lauro António disse...

Pois, Ang Lee é semkpre interessante. Até o foi a dirigir um "Hulk" que te sugeri há tempos... Ainda bem que desta vez viste este. E os dos primeiros tempos são excelentes.

Ana Paula Sena disse...

Lauro António, claro que também vi o Hulk, até o vi mais do que uma vez. Gostei muito, tal como de todos os do Ang Lee. Este é o meu preferido, até ver... de entre os que vi dele. Infelizmente, ainda não os vi todos.

Anónimo disse...

Tenho, decididamente, que ver. Obrigado. Beijinho!

take.it.isa disse...

Anotado!

Adorei o "Comer, Beber, Viver".

Quanto a Jane Austen, tem tudo a ver. Ele realizou um filme baseado no "Sensibilidade e Bom Senso", se não estou em erro.

Beijo Ana Paula

intruso disse...

Ainda nao vi, mas tenho curiosidade (também pelas críticas, negativas incluídas)
:)


bjs


p.s.
vontade de participar ali no elevador........... mas... o trabalho/falta de tempo não estão a "ajudar".....

Miguel Garcia disse...

Olá Ana Paula,
Eu gosto muito do cinema que nos chega do oriente, Sempre que via o trailer deste filme ficava cada vez com mais vontade de o ir ver.
É um filme carregado de cenas muitos intensas, gosto de filmes que me ocupam os pensamentos até chegar a casa.Este foi um deles.
Beijo*

Mar Arável disse...

Um filme lento

necessáriamente lento

como tudo na vida

seria mais belo

se fosse mais lento

até os espectadores

Mié disse...

Anotado

também gosto muito do Ang Lee

Obrigada pela dica.

Um beijo

Luís Galego disse...

Nada no filme surge ao acaso. Nada é gratuito

partilho dessa sensação perante a obra....e, foi muito bem aqui introduzida a referência a Jane Austen...

Um abraço

galakteia disse...

boa sugestão!

Frioleiras disse...

obrigada pela ideia......

e-ko disse...

ai!... só ando a ver e a ouvir a blogosferas e o canal ARTE... ainda ontem revi la note!

os últimos asiáticos no cinema já os vi há 5 ou 6 anos... estou a ficar desactualizada!

Anónimo disse...

Adorei o filme e sou fã de Ang Lee.
bjocas voltarei amanhã.

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