quinta-feira, 12 de junho de 2008

Um certo estilo

«O estilo é uma questão não de técnica mas de visão.»
Proust


Não é de agora, não. É algo antigo e imemorial. Agora, tem só novos contornos.

Olho à minha volta e vejo, disseminado, um certo estilo. O estilo bem. Culto mas viperino. Porque quem não tenha um toque de malvadez julga que fica insonso. E, tal como no cravo bem temperado (perdoe-me Bach a comparação), crê necessário afinar o seu discurso, temperando com esse raffinement (à la Marquis de Sade quiça... ) todas as suas opiniões, críticas e intervenções. Julga que fica bem. Acredita que assim revela grande bagagem cultural e ... mais importante que tudo... julga-se diferente por isso.

Críticas contundentes, acho bem, desde que assumidas. Gente informada, aprecio. Gente culta, admiro. Gente de faz de conta que... tenho pouca paciência e dá-me tédio. Mas sou pela liberdade de expressão.

E aqui... exactamente neste ponto, é de recuperar o blablabla da liberdade. Ou seja, ela não existe sem responsabilidade. Chegados a este ponto, muitos recuam. Quem quer responsabilidades?! O ideal é encontrar um espaço onde seja possível dizer tudo e não assumir nada. Fazer a catharse na incógnita. O que é legítimo. Pena que tantas vezes descambe para o pedantismo...

Interessante também e de destacar é o facto de serem muitos daqueles que tiveram oportunidade de aprender mais e que trazem na sua tal bagagem um sem número de conhecimentos, um savoir faire de quem costuma mover-se em determinados ambientes...; esses a quem se deverá atribuir uma maior responsabilização...; tantos deles são os tais com um certo estilo...

Afinal, o que é a ignorância?!

O que eu faço relativamente a pessoas com tanto estilo é ignorá-las e não me misturar com elas. Porque eu não estou à altura. Sou mais simplezinha. Respeito-as e deixo-as no seu espaço próprio. A que têm direito, pois claro.

Pessoalmente, gostaria de ver um pouco mais de interesse efectivo acerca das questões e pseudo-questões. Mas quando A Questão é usada e abusada, quando ela serve de mera catapulta lá para a frente e para abrilhantar afirmaçõezinhas pessoais... aí... que posso dizer? Desagrada-me. Acho que é tudo quanto a isso. Desagrada-me.

Agora, atenção: isto é só uma opinião. Gratuita, livre e pouco elaborada. Mas responsável. Que nasceu do simples desagrado face a muito do que se vê por aí... E o é muito vasto...

A imagem é daqui


9 comentários:

Anónimo disse...

Ó minha querida, como eu te compreendo! eu também sou do mais simplório que há! Aliás, como tu bem sabes ;) Beijos! (Boa escolha musical, ali no player!)

CNS disse...

O excesso de "embrulho", vulgo estilo, costuma ser uma manobra de diversão para quem convive diariamente com a sua aridez mental... Gostei mesmo muito!

Frioleiras disse...

então eu..
adoooooorei!

mas sabes
dizer tudo e não assumir nada
e o que mais me agrada
no blogar...

desculpa, Ana Paula ...

bjnhs

angelá disse...

Como eu te compreendo e subscrevo!

Beijos

Art&Tal disse...

pois é ana

um certo estilo de estar que ja me causa riso

ja nao ha paciencia

eu poderia falar de alguns assuntos mas prefiro estar calado.

falam de certos assuntos como quem fala de fatias de lampreia de ovos e vinho do porto.

e se fosse disso.... nao era mau de todo

saude

Art&Tal disse...

* # % & xtra pro calor

Lauro António disse...

Inteiramente de acordo, Ana. Ele há cada enfatuado,a rubricar sabedoria.
beijo

Anónimo disse...

só hoje tive oprtunidade de ler este teu post, de que gostei muito. por vezes, tenho a sensação de que me repito, sempre a elogiar os teus textos, mas não o faço por uma questão de amizade ti, mas sim porque realmente o teu blog é um dos que mais obriga a pensar, o que muito me agrada, obrigada, ana paula. e parabéns pelas tuas escolhas musicais. um beijinho *

Bandida disse...

bem dito, pois. e sabes que mais? é o afecto, ana paula, ou a falta dele que lixa isto tudo.

depois, concordo contigo! ah pois !!

:)

beijo saudoso

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