quinta-feira, 13 de setembro de 2012
estado crítico
este é o tempo da palavra gasta
e da mais gasta desde o princípio do tempo
desde quando se gerou
a grande consciência do mundo
é agora a noite mais total
a dos momentos desesperados indignados
e dos olhares cavados que brilham de medo
na escuridão
é o tempo da fé no deus mercado
enquanto somos transaccionados
algures num parlamento catedral
e os grandes leitores dos memorandos
desfilam ao longo dos tremendos dias
e dizem as palavras sagradas deste tempo
nos templos da comunicação
este é o tempo meus irmãos
o tempo do imposto que é imposto
e o dos austeros que falam duramente
o dos sorrisos gelados
o da sacralização do money mais letal
este é o tempo da miséria
e enquanto se brinca no tempo com o tempo
a mesa está vazia
e os servos não conseguem respirar
este é realmente o tempo das palavras gastas
e o poeta disse: que elas estão gastas
disse-o
porque este ainda pode ser o tempo do amor
até acordarmos
e o sentimento estar gasto também
na mesma exacta medida
a do tempo feroz
da dura sobrevivência
porque há um tempo sem tempo
para identificar as feras
que nos falam maquinais
e as palavras gastas são sagradas
porque não há palavras inventadas
com amor
digo tempo da mais oca efusão
digo tempo da lágrima
e agora digo-te
mais tempo de asfixia
não
AP
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6 comentários:
Gostei muito, Ana. Mt bom :)
Asfixia?
A coisa já vem de longe
Este país não se alevanta
Venham mais cinco
pelo sonho é que vamos
Coelho?
Só a tiro.
Ana Paula, cheguei em teu blogs, teus escritos através da ficção austeriana, atrás de coisas sobre o Paul Austerm, pronto, te achei. Gostei do que li,,,este é o tempo de não perdermos para o tempo imposto a nós. Lancinante, a tua poesia. Abraço, Luis Gomes
Obrigada, Fátima :)
...um desabafo...
O que senti, Puma, ontem, 15 de Setembro de 2012, foi algo do tipo:
...o que eu andei p'raqui chegar!
Gostei da sua visita, Luis :))
Volte sempre!
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