sexta-feira, 24 de junho de 2011

Limite

páro-me
e depois reparo-me
mas só vejo parte de mim

respiro-o
todo um ar lento e vago doce e circulante

a flor - vejo-a aqui de perto
mas
só agora noto
nada nela é simples
como foi um dia. antes
quero-a
vai à minha frente...
e é sorridente
olho-a
quando então a vejo
vida fugitiva
parece suspensa
e extensa
nesta poeira celeste
que insiste em voltar a cada verão
e cobre todos os lugares

porque nos exalta?
na febre na doce inquietação e no torpôr das tardes que se vão...


(mas remeto-me à flor o dia é solar e assim o tempo foi todo transparência fugaz)
eis que se demora...


Foto de A.P.


quinta-feira, 16 de junho de 2011

E agora, para algo completamente diferente

Ontem, em dia de eclipse total da lua, o meu silêncio eclipsou-se, perante este magnífico momento de silêncio dito e cantado. Algo nesta voz e nesta composição faz de nós um barco de regresso ao cais, depois de se ver à deriva. Fica dito.



Há um silêncio pesado
Que não sei de onde é que vem
Nem sei se lhe chamam fado
Ou que outro nome é que tem

Se canto, não me dói tanto
O coração magoado
Mas há em tudo o que canto
Este silêncio pesado

Não é mágoa nem saudade
Nem é pena de ninguém
O silêncio que me invade
E não sei de onde é que vem

Silêncio que anda comigo
E que mesmo sem eu querer
Diz através do que eu digo
O que eu não posso dizer

Este silêncio pesado
Que me suspende e sustém
Nem sei se lhe chamam fado
Ou que outro nome é que tem

Se com palavras se veste
A alegria e o pranto
Então que silêncio é este
Que há em tudo o que eu canto

Composição: Manuela de Freitas e José Mário Branco



domingo, 12 de junho de 2011

Vira o disco e...

Acho que já chega de tanto reflectir. Agora, há mesmo vontade é de descansar um pouco, e até pode ser com música e alguma banda desenhada. Até ver...


sábado, 4 de junho de 2011

Reflexão

Damián Ortega, Controller of the Universe (2007)


E eu, de luneta de uma lente só.
Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
Entro na brasserie; às mesas de emigrados,
Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.

in Cesário Verde, O Sentimento dum Ocidental


Regresso ao futuro

Muitas vezes, diz-se: nunca regresses a um lugar onde já foste feliz. Mas como não procurar todos os lugares que nos parecem compatíveis com...