segunda-feira, 27 de abril de 2009

Muita música!


Impossível apreciar tudo nos Dias da Música! Mas a festa esteve muito boa, cheia de novidades e de boas surpresas, num óptimo trabalho da organização e concepção do evento. A meu ver... evidentemente. Consciente de que nem tudo é perfeito. O que fica é o desejo de mais ocasiões destas... Sendo eu apenas uma algo anónima representante, de todos os que agradecem serem-lhes proporcionadas boas oportunidades para apreciar música de qualidade. Fica assim provado que a música para todos também pode ser excelente.
Depois d' "A Herança de Bach", fiquei a saber que para o ano o tema será o d' "As Paixões da Alma" (uma alusão a Descartes). Promete!


Arvo Pärt

Este ano, a minha impressão mais forte é a de um concerto a que decidi assistir à última da hora, algo fora do meu programa. Inesquecível! Schostakovich-Ensemble, um agrupamento musical que já conhecia de outros espectáculos, e que se apresenta em diversas formações. Foi criado pelo pianista Filipe Pinto-Ribeiro em 2006. Gosto imenso do estilo deste grupo. Em particular, escolhi este concerto porque apresentaria algo novo para mim: obras de compositores russos e de um estoniano. Deles, conhecia apenas o estoniano, e não muito bem. Desconhecia os outros dois. Provavelmente, numa outra fase da minha vida, não me cativariam por aí além - requerem enorme concentração. Actualmente, tocaram-me de um modo muito especial. Na verdade, são todos grandes compositores da segunda metade do séc. XX. Muito bem apresentados por Filipe Pinto-Ribeiro, num concerto muito instrutivo : Arvo Pärt, Alfred Schnittke e Sofia Gubaidulina.

Descobrir melhor a sua música vai ser um desafio e um prazer...

Fica aqui uma amostra de Arvo Pärt, o qual surpreende por muitas outras razões, mas também pela sua lindíssima técnica de "tintinnabuli" (do latim, pequenos sinos).





Imagem: pesquisa do Google

sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril




O meu Dia da Liberdade vai ser musical. Fica registado desse modo... que a liberdade é certamente uma forma de música, daquelas que são difíceis de compor, de executar e de apreciar... Tudo difícil e a valer a pena. Importante mesmo é deixar um verdadeiro 25 de Abril ao futuro... Porque o passado já está feito, mas o futuro está por fazer. Com a liberdade a transportar-se até lá...
Neste presente, fica António Pinho Vargas, com o seu quadro II para Almada (de uma série de III) - "operário observando a máquina avariada".
Espero apreciar muita e boa música na Sala Almada Negreiros do CCB.






Imagem: painel de Almada Negreiros AQUI

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mudanças - 1



Se o tempo é um aspecto da existência que sempre me atraiu, a mudança, e conjunto de transformações geradas pelo fluxo do devir, é um outro aspecto que não me interessa menos. Não é de estranhar, já que um transporta em si o outro.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, em mim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.

-Luís de Camões-

Portanto, - e que bem o cantou o poeta - tudo muda... Surge-me a reflexão, sobretudo a propósito de uma conversa a que assisti recentemente, num daqueles raros programas de televisão aceitáveis, que permitem fugir um pouco ao desgaste do quotidiano. Aí, e então, debatiam-se as mudanças da nossa actual sociedade a vários níveis. Mas, principalmente, no contexto profissional.

Ora, o que bem conheço desse contexto actual é um conjunto de exigências cada vez maiores, num permanente desafio à mudança. No geral, e de acordo com os especialistas, não há como escamotear a questão: com o passar do tempo, diga-se claramente, com a idade, as pessoas têm mais dificuldades em adaptarem-se a mudanças. Aliás, o senso comum diz-nos isso com expressões como "de pequenino é que se torce o pepino", "burro velho não aprende línguas", etc.

Agora, isto parece-me um desafio do tamanho das nossas esperanças para a espécie humana (se é que as temos): com uma população cada vez mais envelhecida, com um futuro onde o que se projecta é uma cada vez maior esperança média de vida... como irá lidar esta população com as mudanças que se dão, cada vez mais, a um ritmo vertiginoso?

A necessidade de mudança acelerada toca-me, e toca a todos, actualmente. Por exemplo, a informatização da minha vida profissional aumenta todos os dias, e as actualizações necessárias surgem a um ritmo quase alucinante. Até onde chegará esta possibilidade de reajustamento contínuo das minhas performances? De acordo com as previsões, tende a diminuir... Mas o desafio permanece. Existirá alternativa? Alguma forma de inverter a inexorável seta do tempo?



Imagem DAQUI - um lugar com imagens alusivas às alterações climáticas

sábado, 18 de abril de 2009

Rumi e utopias


Há poesias que nos visitam dos confins do tempo... É o caso da de Rumi, a qual, à medida que se descobre, tem o poder de nos levar a acreditar nessa forma de utopia perene... a de um mundo melhor. Um mundo de paz, um mundo de tolerância: lugares sempre difíceis de encontrar. Mas que não são impossíveis. Desejados e aguardados desde sempre...

Jalal al-Din Mohammad Rumi, também conhecido por Moulavi, ou simplesmente Rumi, viveu entre 1207 e 1273. A sua posição enquanto Sufi é de tal forma elevada, que é igualmente chamado de Moulana (nosso senhor, em árabe).

A ONU comemorou em 2007, na sua sede, em Nova Iorque, os 800 anos do nascimento de Rumi, célebre poeta místico. O Secretário-geral, Bani Ki-moon, afirmou que o mundo de hoje necessita da propagação das ideias de Moulavi, já que a paz e o diálogo entre as civilizações são conceitos salientes na sua poesia.
Por ocasião deste oitavo centenário, os EUA emitiram um selo dos correios com a imagem de Moulavi, obra de Hossein Behzad, pintor e miniaturista iraniano.

Apeteceu-me recordá-lo e trazê-lo para aqui. É uma poesia absolutamente magnífica! Em termos filosóficos, é muitíssimo interessante o misticismo de Rumi, desenvolvido no contexto do Sufismo.
No que se refere a utopias, é figura de relevo.

É também de ler AQUI o texto da Isabel/Artista Maldito, precisamente sobre o tema da Utopia.

Neste nosso tempo, é de assinalar um interesse renovado pelo domínio da espiritualidade, o que pode explicar o facto deste poeta ser um dos mais vendidos, actualmente, nos EUA. Porquê? Certamente, valerá a pena investigar...

Poemas de Rumi ditos por Tamir




For years, copying other people, I tried to know myself.

From within, I couldn't decide what to do.

Unable to see, I heard my name being called.

Then i walked outside.

The breeze at dawn has secrets to tell you.

Don't go back to sleep.

You must ask for what you really want.

Don't go back to sleep.

People are going back and forth across the doorsill

where the two worlds touch.

The door is round and open.

Don't go back to sleep.


Poema de Rumi - Versão de Coleman Barks

Mais poemas de Rumi AQUI

Poema de Rumi seleccionado pela Violeta AQUI (belíssimo!)



Imagem: pesquisa do Google


terça-feira, 14 de abril de 2009

Curtas


«Esta questão da velocidade é importante e muito complicada também. Velocidade não quer dizer ser o primeiro na corrida. Acontece estar-se atrasado devido à velocidade. Também não quer dizer mudar. Acontece ser-se invariável e constante devido à velocidade. A velocidade é ser-se apanhado num devir, o que não é o mesmo que um desenvolvimento ou uma evolução. Era preciso sermos como um táxi - (...).»

No devir apanhei mais uma música...




sábado, 11 de abril de 2009

A todos...





Uma Páscoa feliz!





... e música. Sempre!






I - A imagem no topo é um presente da Isabel/Artista Maldito. Foi um prazer abrir este "ovinho" - Liberdade e Brisa - no meu Domingo de Páscoa. Muito obrigada!

II - Fotografia de Rodney Smith


quarta-feira, 8 de abril de 2009

O Sol


O Sol que nos ilumina, nos dá calor e energia. O Sol que traz alegria a este nosso país. O Sol que tanto brilha, tornado especial, na poesia e na literatura, radiante para nos encantar. O Sol que é vida. O Sol dos tão actuais painéis solares...

Vale a pena conhecê-lo melhor e vê-lo de mais perto, de muito mais perto... O que és tu, Sol, afinal?!




A imagem é DAQUI - uma viagem ao maravilhoso mundo solar...



segunda-feira, 6 de abril de 2009

Catharsis musical - edição especial


Nota pessoal do dia: hoje acordei com uma sensação primeiramente desagradável, depois tranquila. Toda a catarse contém em si a possibilidade de expurgar um "mal". A sensação começou por ser a de uma espécie de náusea, uma agonia não só mental, mas existencial. Sem localização definida, a náusea provocava tonturas e vómitos. Não, não é nada de grave. Foi só uma rejeição orgânica, algo psicossomático, diriam alguns... uma pequena perturbação ligada ao nervo vago, talvez...

Mas quando fui à janela e espreitei o dia, vi que chovia. Ainda que levemente, essa água que vem do céu foi milagrosa. Limpou as ruas, limpou o céu, cintilou nos ramos das árvores... E a náusea desapareceu. A existência revelou-se tranquila com os seus factos irreversíveis, o correr do tempo inexorável revelou-se sábio e repleto de sussurros reconfortantes. A agonia deu lugar à tranquilidade da vida.

Um torpel de sentimentos situa o nosso corpo aí-no mundo. É a partir deles que "vemos", é a partir deles que pensamos. É paulatinamente que a vida ensina a amputar o que não faz parte de nós. O dilacerante que esse facto contém, a violência dessa auto-crítica, o longo tempo que leva a realizar-se, tudo isso é compensado pela serenidade da autenticidade.

Todo este pensamento-emoção, ou esta emoção-pensamento, toda esta náusea-serenidade, enfim..., todo este algo se concentrou numa simples emoção de prazer. Assim...




Existe aquela expressão interessante: "...que estranha forma de vida...". Poderá dizer-se agora: "...que estranha forma de agradecer...". Mas não sei fazê-lo de outro modo. Esta é a minha forma de agradecer a quem aqui me tem acompanhado. Futuramente, quero fazê-lo a todos esses(as), sem os quais este tempo daqui não faria sentido. Pelas imagens, cores e excelentes leituras:

Obrigada, Artista Maldito!



domingo, 5 de abril de 2009

António Damásio




Esta imagem representa (digo-o simplificadamente) a comunicação existente entre neurónios. O neurónio-emissor e o neurónio-receptor comunicam entre si (sem contacto directo), com o precioso auxílio dos chamados neurotransmissores. Assinalo este fenómeno porque julgo residir nele aquilo que podemos designar por "magia". Parece "magia". Porque é absolutamente fantástico e maravilhoso. E é o que ocorre no nosso cérebro constantemente, sem darmos conta.

Talvez esta pequena introdução, ou preâmbulo, consiga mostrar alguma da minha admiração pelo cérebro humano, assim como o meu maior respeito por quem se dedica a estudá-lo. É por isso que me congratulo pelo facto de António Damásio ter sido recentemente convidado para um programa de televisão ( Grande Entrevista na RTP-1), em horário nobre (no dia 02/04/09). Considerando essa enorme admiração que sinto pelo seu trabalho ( ao ponto de em tempos ter criado um blogue que pretendia prestar-lhe homenagem, intitulado Marcador Somático - infelizmente não disponho de tempo suficiente para desenvolver essa ideia com o rigor que exige); considerando, portanto, o meu interesse, curiosidade e admiração (repito) por este neurocientista português; por tudo isto, não poderia deixar passar aqui em branco a sua presença em Portugal, e a sua comunicação mediaticamente disponível ao grande público.

Um dos seus maiores méritos, além dos que são por demais evidentes, é o da divulgação científica que tem feito, de forma acessível à maioria, com os seus livros: O Erro de Descartes; O Sentimento de Si; Ao Encontro de Espinosa.



Nesta entrevista a que me refiro, Damásio avança alguns dados mais recentes sobre o estudo do cérebro e antecipa o futuro das neurociências e sua aplicação. Relembrando o funcionamento integrado do nosso cérebro, no qual razão e emoção não existem separadamente, mas sim como um todo - a razão informada pelos dados emocionais e a emoção como uma forma importantíssima de inteligência; esta noção que se traduz na superação do chamado Erro de Descartes, dá-nos uma nova perspectiva acerca de nós próprios: do modo como a nossa vida mental possui um fundamento biológico, aperfeiçoada no sentido de uma crescente complexidade, ao longo do nosso percurso evolutivo...

Damásio assinalou ainda a forte "programação" social do nosso cérebro: somos seres que vivem em comunidade há muito tempo. Também nos entreabre uma porta para o futuro, o qual, numa perspectiva que encerra um possível optimismo e alguma esperança, poderá ser o de evoluirmos no sentido da busca do bem-estar, dado que não somos seres que se contentem apenas com a sobrevivência. Espero sinceramente que venha a ser assim...

Um dos campos que nos cria maiores expectativas, com base nas investigações das neurociências, é o da memória. Todos queremos recordar-nos rapidamente, e sempre, de muitas e muitas coisas, mas... com o passar do tempo, a memória tende a falhar. Pois o futuro apresenta-se com a possibilidade de tudo isso ser ultrapassado com uma espécie de "pílula da memória". Virá de facto a existir?! Tudo parece indicar que sim.

Focou igualmente a problemática do chamado stress emocional: possuímos um cérebro mais lento e um cérebro mais rápido; o primeiro é emocional; o outro processa informação. O problema do stress pode residir precisamente neste desfasamento entre ambos: o emocional não tem tempo de gerar as emoções correspondentes à informação total que o outro processa. De notar o caso das imagens que assimilamos rapidamente, mas acerca das quais não há tempo para sentir as emoções que produziriam num mundo onde se vivesse mais devagar.

Finalmente, é de reter o que nos adiantou em relação aos tratamentos futuros para os estados depressivos: intervenções cirúrgicas realizadas com grande precisão, proporcionadas pelo conhecimento muito mais rigoroso e exacto do cérebro, como é o de que actualmente dispomos (em grande medida, graças às chamadas técnicas de imagiologia cerebral), a aprofundar e a aperfeiçoar no futuro. Nesta área, muitos apresentam reservas, atendendo aos fantasmas das lobotomias praticadas no passado. No entanto, os tratamentos com fármacos continuarão a ser válidos e utilizados.
A possibilidade, também ela algo "mágica", de eliminar a tristeza, parece-nos uma irrealidade. A ser verdadeira, de facto, coloca questões importantes e exige reflexão e debate, certamente, dada a necessidade de regular seriamente este tipo (e outros) de intervenção. É o futuro da Humanidade que está em causa. As neurociências mostram-nos um caminho. Como mantê-lo ao serviço do bem-estar de todos os seres humanos?

Um último aspecto que me pareceu deveras interessante nesta sua entrevista: segundo ele, o que de melhor possui para o desenvolvimento das suas investigações, nos EUA, é a partilha com outros investigadores, o trabalho em equipa, o gosto e a curiosidade em comum, assim como o crescente desejo de avançar, ainda que muito pouco de cada vez, no conhecimento do cérebro humano.



Vídeo da entrevista - RTP-1 AQUI


Imagens: pesquisa do Google


quinta-feira, 2 de abril de 2009

Momentos filosóficos - 4


Às vezes ainda me interrogo acerca do porquê dos filósofos questionarem o mundo. Quer dizer, suponho que uma pessoa possa chegar ao fim da sua vida, sem se ter debatido com questões ontológicas ou existenciais. Ter sido feliz e conseguir recordar o melhor da sua vida, sem se ter preocupado com coisas tais. Como, por exemplo, se o Ser é? e se o Não-Ser não é?, se o Ser é Uno? ou Múltiplo?, se existe Espírito para além da Matéria?, qual a natureza do Belo?, o que é o Bem,? e tantas, mas tantas, outras questões... Assim, de repente, podem parecer supérfluas, e não adiantar nada à nossa existência quotidiana, como se tudo continuasse a fluir do mesmo modo, com ou sem as questões, com ou sem respostas-soluções.

Afinal, porque é que, desde sempre, existiu e existe quem se preocupe com tal?!

Um outro aspecto a considerar neste meu relativo "espanto" (sim, porque ainda me "espanto", como assinalava Aristóteles) é o facto, igualmente inquietante, de existir quem tenha pautado a sua vida por princípios filosóficos, adoptando uma determinada postura ética perante a vida, levando às últimas consequências os seus ditos princípios. Recordo apenas, entre tantos casos possíveis de citar, o modo como Séneca se entregou à morte: de acordo com o seu estoicismo. Mas, afinal, vale a pena ser assim tão consequente? Ou não se trata, neste caso, de valer a pena? O que é valer a pena e o que é que, então, vale a pena? Será de seguir este raciocínio algo linear?: vale a pena o que é produtivo; o que é produtivo é o que nos beneficia; o que nos beneficia é o que nos traz bens; os bens são, geralmente, conotados com poder financeiro e poder de influências - logo, é isto que vale. Bom, na verdade, tudo isto vale. Mas reduz-se a isto o valor a adquirir? Ou existem outros valores, outros benefícios? É claro que isto é complexo de analisar. É claro que por detrás destas questões estão muitas outras...

Poderá rematar-se com a bela frase de Fernando Pessoa: "...tudo vale a pena se a alma não é pequena...". E tanto fica dito! Mas pressupõe-se, então, a alma e a sua existência. O que nos reenvia à questão, filosófica, sem dúvida, ainda que passível de ser tratada também noutros contextos.

Repetindo o mote: porque é que existe quem se preocupe com tudo isto? É certo que não conheço inteiramente a resposta. Mas, em parte, ela impõe-se-me com clareza: não é uma questão de escolha. Quer dizer, não é algo que se escolha, mas sim algo que acontece a uns e não a outros ( conclusão que avanço, mas que coloca a questão do livre-arbítrio/determinismo). Assim como alguém que pinta, ou que vive para a música, ou é que é apto a gerir finanças, não pode deixar de se entregar a tais actividades e respectivas configurações do mundo e da realidade. Do mesmo modo, há quem viva filtrando radicalmente essa realidade e auscultando-a quanto aos seus fundamentos, procurando uma configuração do todo que o torne inteligível, interrogando-se acerca dos princípios que melhor possam orientar a sua conduta...

Portanto, não se escolhe. É-se assim. E, no entanto, embora se imponha a distinção entre filosofar espontâneo e sistemático (inclusive profissional), não há quem não tenha uma postura filosófica. Mesmo aqueles que acerca de tais questões nunca se interrogam, esses mesmos possuem uma filosofia. Ainda que a um nível inconsciente, ela está lá, nas suas vidas, orienta os seus actos e implica sempre uma certa "visão do mundo". Faz parte da vida, faz parte de todos nós. Julgo que é esse, sem dúvida, o seu maior encanto.



Imagem: La morte di Seneca, Jacques-Louis David - 1773

Regresso ao futuro

Muitas vezes, diz-se: nunca regresses a um lugar onde já foste feliz. Mas como não procurar todos os lugares que nos parecem compatíveis com...