Um grande humanista, um magnífico poeta, um esplêndido professor, trabalhando na aproximação ao ideal de uma formação integral dos seus alunos.
É importante lembrar quer o cientista, quer o poeta. Concebeu essas duas formas de expressão do real como convergentes na nossa apropriação do mundo. Não superiorizou uma em relação à outra, antes as fundiu, alargando os horizontes da nossa inteligibilidade.
Em carta a Jorge de Sena de 01-07-1958:
"Em conversa dir-lhe-ei que me interessa sobremaneira a História. É tão precária a nossa investigação histórica e tão grosseiros os erros que se repetem, que me lancei às prateleiras dos arquivos em busca de uma fundamentação séria para futuras afirmações. O século a que me dedico é o XVIII, e o assunto é a nossa actividade cultural. A mola impulsionadora destes trabalhos é o interêsse de esclarecer o panorama nacional no momento do surto experimentalista nas ciências físico-matemáticas. Há dez anos que ando nesta faina..."
Entre muitos outros textos interessantes, Rómulo de Carvalho (António Gedeão) deixou-nos "A Ciência Hermética" e "O embalsamamento Egípcio".
No caso do primeiro texto, ele é dedicado, em grande parte, ao conteúdo de um papiro encontrado em Tebas no século XIX. Supõe-se que a sua origem se situe no século III da era cristã.
Ainda sobre o papiro de Tebas, ele documenta a arte de trabalhar os metais segundo as ancestrais técnicas egípcias que se julgavam perdidas para sempre. Rómulo de Carvalho sentia um enorme fascínio pela cultura egípcia e era, em grande medida, adepto da doutrina alquimista. Uma perspectiva curiosa e que, em concordância ou em discordância com ela, os seus escritos convidam a investigar.
É também por essa razão que este texto suscita o meu interesse em particular, precisamente na medida em que se debruça sobre a arte da Alquimia. Esta apresenta uma íntima relação com a nossa actual ciência Química. Mas a sua força de atracção reside, sobretudo, nesse olhar especial do autor, pelo qual ele liga várias áreas do saber, confrontando-se também com elas a partir da sua história. Por motivos idênticos, outros textos seus merecem uma maior atenção. Na verdade, não os conheço todos, mas tenciono dedicar-me à leitura de mais alguns, pelo menos...
"A ciência a que damos hoje o nome de Química chamou-se em tempos remotos, Ciência Hermética, Arte Sagrada, Ciência Divina, Ciência Oculta, Arte de Tote e Arte de Hermes. Todas estas denominações envolveram o estudo primário dos fenómenos químicos numa atmosfera de mistério, o qual, aliás surgiu por si, naturalmente, pela própria índole misteriosa desses fenómenos.»
Em carta a Jorge de Sena de 01-07-1958:
"Em conversa dir-lhe-ei que me interessa sobremaneira a História. É tão precária a nossa investigação histórica e tão grosseiros os erros que se repetem, que me lancei às prateleiras dos arquivos em busca de uma fundamentação séria para futuras afirmações. O século a que me dedico é o XVIII, e o assunto é a nossa actividade cultural. A mola impulsionadora destes trabalhos é o interêsse de esclarecer o panorama nacional no momento do surto experimentalista nas ciências físico-matemáticas. Há dez anos que ando nesta faina..."
Entre muitos outros textos interessantes, Rómulo de Carvalho (António Gedeão) deixou-nos "A Ciência Hermética" e "O embalsamamento Egípcio".
No caso do primeiro texto, ele é dedicado, em grande parte, ao conteúdo de um papiro encontrado em Tebas no século XIX. Supõe-se que a sua origem se situe no século III da era cristã.
Ainda sobre o papiro de Tebas, ele documenta a arte de trabalhar os metais segundo as ancestrais técnicas egípcias que se julgavam perdidas para sempre. Rómulo de Carvalho sentia um enorme fascínio pela cultura egípcia e era, em grande medida, adepto da doutrina alquimista. Uma perspectiva curiosa e que, em concordância ou em discordância com ela, os seus escritos convidam a investigar.
in A Ciência Hermética, Rómulo de Carvalho
11 comentários:
a busca da perfeição. da pedra filosofal. porque o sonho comanda a vida. (e eu, como pisciana, luto contra esta frase:)
sempre tão interessantes os teus posts!
beijo Ana Paula
Grande poeta, grande humanista e grande professor. Andei no Pedro Nunes e percebi bem a sua importância, apesar de eu ser de "Letras" e nunca o ter tido como professor.
Infelizmente, logo depois do 25 de Abril,foi enxovalhado publicamente nesse liceu por uma certa esquerda festiva (que continua por aí ainda hoje!)acusado de "reaccionário"! Imagine-se!
Ainda bem que recordas tal personalidade. É que há muita gente que devia apreender e nunca mais apreende..
Eu também devia "aprender" a não escrever "apreender", quando quero dizer "aprender". Ainda que "apreender" também não esteja mal... Mas não era essa a ideia. Beijos.
Um grande Homem
Seria muito bom que hoje houvessem muitos Rómulos a ensinar, a influenciar os jovens para uma visão "humanística" "de causas superiores" das ciências...
Um beijo
grande
gostei muito da peque fotografia do cabeçalho. quanto ao autor que hoje nos trazes, tudo farei para o conhecer melhor. fiquei impressionada com o que contas sobre os papéis de tebas. e sempre tive um interesse pelo mistério egípcio ;) beijinho grande, ana paula. e bom fim de semana *
Um homem fantástico: grande poeta, pedagogo de eleição, historiador relevante, divulgador excepcional. É uma companhia para mim.
Boa noite =)!
Belo post!
«Inutil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!»
in "Movimento Perpétuo", 1956
Beijinho
é.....
e tão pouco lido sabido e apreendido....
.
este país não é para sábios....:(
_______________________-abraço. sólido. a sagrar um post fantástico!
" O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto é matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo."
beijo ana paula!
O sonho comanda a vida. Ele disse-o! Como disse outras coisas igualmente importantes e, diria, igualmente óbvias mas em que poucos reparam.
Beijos
e
deixo-te um beijo
enorme
Obrigada.
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