Quando dei por mim, reparei que o blogue estava muito fora de prazo! Portanto, devo dizer alguma coisa aqui. Devo, porque quero, claro. Numa só semana, o mundo deu tantas voltas. E eu também. Continuo sem perceber grande coisa de economia, de agências de rating, da especulação dos mercados, essa que nos condiciona, e etc... mas tenho lido por aí que paira sobre nós o "fantasma" do FMI. Depois, gosto de ouvir de vez em quando uns debates na TV para descontrair, embrenhada nos percursos argumentativos das elites políticas, intelectuais, e agora também, sobretudo, gosto de perder-me na argumentação dos nossos ilustres economistas. Por ex., ouvir o Dr. Medina Carreira dizer que vamos bater com a cabeça na parede... Ai, ai, "vamos bater"... Mas o Secretário-Geral da CGTP, Carvalho da Silva, diz que há solução. E há?! ... Ou ouvir os políticos dizerem todos mal uns dos outros, esmiuçando, dissecando e refutando o discurso de cada interlocutor. Claro, sabemos, tudo isto tem uma grande dimensão retórica. De dialéctica erística, como diria Schopenhauer - "a arte de disputar, e isto de tal forma que se tenha sempre razão, quer seja ou não o caso - per fas e nefas (por qualquer meio)". Também sabemos, e até concordo, as ideologias estão mortas. Acontece dar por mim a admirar-me com a estranha proximidade entre PSD e BE. Agora, o que manda, sim, e para o que tudo converge, é o capital. Mas isto soa algo marxista. E Marx está fora de moda, diz-se. Na verdade, não sei se Marx teria pensado neste novo capital, o capital virtual. Tenho que reler. Mas, não há lá muito tempo. É preciso trabalhar. De resto, de verdadeira economia, agora, é preciso ler outros, bem mais actuais, para estar "por dentro". Isto é importante, não esquecer, o mundo não pára, muito menos fica à nossa espera uns tempinhos.
Facto é, eu e muitos vamos ganhar menos, pagar mais, os tempos estão difíceis. O país precisa de nós e nós precisamos dele. Estamos indissoluvelmente ligados. É preciso trabalhar mais e mais. Eu ainda acredito em nós. Mas não nestas explicações, muito além da minha compreensão, ocupada que estou a trabalhar. Agora, ainda por cima, chove tanto... Há um abrupto confronto com a depressão outonal. Tudo parece convergir. E isto recorda-me o título de um livro, título de que muito gosto, sem quase saber explicar o por quê (?) -
"Tudo o que sobe deve convergir", é da
Flannery O'Connor. Mas, aqui, agora, parece que é tudo o que desce que está a convergir (é uma ideia...).
Falando em literatura, mais uma volta o mundo deu - foi atribuído o Prémio Nobel a Mario Vargas Llosa. Eu gosto de literatura e gosto da de Mario Vargas Llosa. É um justo prémio. Isto seria simples, se fosse possível criar uma literatura onde nada tivesse dimensão política. Acontece que isso não existe. De resto, o autor em causa é exemplo disso, e declaradamente. Mas rapidamente se identifica um autor com direitas e esquerdas. Essas mesmas que actualmente são tão flutuantes. É realmente estranho. Sobretudo porque todos deveriam estar de acordo acerca do necessário combate a todo o tipo de totalitarismos. Combate de que este recente laureado é um dos mais vivos exemplos. A sua arma, a escrita. Deveriam, digo eu... Mas eu percebo pouco de tantas coisas... Vou mas é ouvir uma musiquinha.
Bom fim-de-semana!