Claro que nada disto é novidade. Mas, olhando à minha volta, face a tantas incertezas deste nosso mundo actual, perante as complexas previsões para o nosso futuro, sou conduzida a uma espécie de consciencialização acrescida das marcas deste novo século. As tendências do desenvolvimento, a orientação mais ou menos desorientada que lhe é imprimida, as novas faces que revelam as nossas identidades, e, ainda mais, o modo como lhes damos maior ou menor consistência - em fusão com os mais sofisticados meios tecnológicos; tudo razões para pensar a irreversibilidade do tempo, para mergulhar, mais ou menos penosamente, com maior ou menor entusiasmo, na complexidade do universo de que fazemos parte, enquanto elementos integrantes das sociedades humanas.
Verifico que já não é possível pensar com base em dicotomias simples. Podemos acreditar, sem dúvida, que um modelo de desenvolvimento assente numa intervenção total do Estado falhou, quando o confrontamos com os resultados dados pelo passado; podemos também inquietar-nos com a crise alcançada pelo modelo em que temos vivido, onde a contínua criação de riqueza nos transmitiu grande optimismo. Sentimos agora que ele encontra dificuldades em manter-se sustentável. Necessariamente, surge inquietação. Também preocupação.
Podemos, no entanto, perspectivar esta espécie de enclausuramento do mundo nos próprios caminhos que traçou, segundo uma óptica mais optimista: pode residir precisamente neste estado de coisas, nesta relativa desordem do actual mundo económico e social, a primeira etapa para criar novas soluções. Necessárias. E se arriscarmos em modelos híbridos, é preciso clarificá-los. Medir riscos, e ainda assim corrê-los. Cada vez temos menos certezas. Mas o mundo não pára...