Neste ano de 2009, comemoramos o bicentenário do nascimento de Charles Darwin. Parece-me bem que as homenagens a este grande cientista e pensador se multipliquem...
A mim, sempre me pareceu atraente todo o seu trabalho, embora não seja de todo especialista na teoria da evolução das espécies. Curiosa, sim, e muito. Conhecedora de alguns aspectos também, por motivos de formação intelectual e profissional.
A mim, sempre me pareceu atraente todo o seu trabalho, embora não seja de todo especialista na teoria da evolução das espécies. Curiosa, sim, e muito. Conhecedora de alguns aspectos também, por motivos de formação intelectual e profissional.
Tudo isto para dizer: uma das grandes vantagens de comemorar datas como esta é, sem dúvida, a divulgação, neste caso, científica. Nas livrarias, até nas menos especializadas, as publicações alusivas a Darwin, ou dos seus próprios escritos, invadem o mercado. Felizmente para mim, que procurava uma normal edição da sua Autobiografia. Disponível facilmente agora.
Ler Darwin é conviver com um espírito maior. É pasmar com a sua inteira dedicação ao trabalho científico. É descobrir um ser humano cheio de dúvidas, inquietações e defeitos. Mas com grandes qualidades.
O escândalo que provocou com a sua Origem das Espécies foi enorme. Ainda hoje, podemos verificar que suscita grande polémica defender que as espécies não são imutáveis, e que não são resultado de um Criador. Afinal, como surgiu o Homem? A resposta de Darwin não pode ser ignorada, no mínimo como contributo para a reflexão e discussão. Um contributo de valor indiscutível.
Ideias de Darwin:
«Assim aconteceu que todos ou a maioria dos seres sensíveis se desenvolveram de tal modo através da selecção natural que as sensações desagradáveis servem de guias habituais. Vemos isso através do prazer que temos em nos esforçar, mesmo quando o esforço físico ou mental é ocasionalmente elevado - no prazer que temos nas nossas refeições diárias, e em especial no prazer que derivamos da vida social ou do amor pelas nossas famílias. Prazeres como estes, que são habituais e muitas vezes recorrentes, dão, a todos os seres sensíveis, não posso duvidar, um excesso de alegria sobre infelicidade, embora de forma esporádica muitos sofram intensamente. Este sofrimento é completamente compatível com a crença na Selecção Natural, que não é perfeita na sua acção, mas tende apenas a tornar cada espécie tão eficaz quanto possível na batalha pela vida contra outras espécies, em condições maravilhosamente complexas e variáveis.
(...)
Este argumento muito antigo que parte da existência de sofrimento para refutar a existência de uma causa inicial inteligente parece-me pertinente; enquanto que, como apontei, a presença de muito sofrimento é compatível com a ideia de que todos os seres vivos se desenvolveram através de variação e selecção natural.»
in Autobiografia, Charles Darwin
Imagens: pesquisa do Google